A Reserva da Biosfera de Castro Verde está situada no coração do “Campo Branco”, nas longas e extensas planícies do Baixo Alentejo. Terra chã de relevo suave, onde a vista se perde até ao horizonte, detentora de uma grande diversidade de valores naturais e culturais, únicos e de elevado interesse à escala regional, nacional e internacional. Estes valores resultam de uma relação Homem-Natureza milenar, cujo processo histórico de evolução da ocupação e uso do solo deu origem a um agroecossistema de elevado valor de conservação.
Atendendo à orografia suave, às caraterísticas dos solos predominantemente xistosos e delgados e ao clima tipicamente mediterrânico, a exploração da terra em Castro Verde esteve desde sempre associada à criação de gado e mais tarde ao cultivo de cereais de sequeiro. As práticas agropecuárias evoluíram para um esquema tradicional de rotação das parcelas, em que após dois anos de cultivo com cereal, as terras ficam em pousio (i.e. sem cultivo), para que recuperem a fertilidade e funcionem como prados para o gado. Aqui, nesta vasta planície, a agricultura e a pastorícia coexistem desde há muito tempo, tendo moldado uma paisagem de rara beleza e de alto valor de conservação: as estepes cerealíferas.
Entre a biodiversidade extraordinária que aqui ocorre, sobressai uma comunidade de aves estruturada e diversificada, com cerca de 200 espécies, onde se destacam as emblemáticas aves estepárias, como a Abetarda, e as aves de rapina, como a Águia-imperial-ibérica. Com uma área de 569,4 km2 e uma população aproximada de 7 500 habitantes distribuída em cerca de uma vintena de localidades de pequena e muito pequena dimensão, a Reserva da Biosfera de Castro Verde tem um caráter rural, que se reflete nas tradições culturais e nos costumes que, ainda hoje, estão presentes e marcam a identidade das gentes deste território.
A vasta planície de Castro Verde inclui um mosaico de sistemas ecológicos, ricos em habitats e espécies, específicos da Região Biogeográfica do Mediterrâneo. De um modo geral, o ecossistema estepário é predominante, estando presente numa grande proporção do território, sendo apenas descontinuado pelos vales das ribeiras que “rasgam”, aqui e ali, as estepes cerealíferas. Na parte mais a sul da Reserva da Biosfera ocorrem algumas manchas de montado e de matos mais densos. Com muito pouca expressão surgem de forma pontual zonas húmidas (naturais e artificiais), povoamentos florestais de pinheiro-manso ou azinheira (puros ou mistos) e exíguas zonas de culturas permanentes (nomeadamente, manchas de olival tradicional e vinha recente), e algumas hortas familiares.
Dos habitats presentes merecem especial atenção as subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea, as áreas de montados de azinho (Quercus rotundifolia) e aos charcos temporários mediterrânicos, cuja salvaguarda é prioritária para a conservação de populações de fauna e flora selvagens, em especial, do território da União Europeia.
Biosfera/Biosphere/Castro Verde
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