Nome comum | Morcego-de-ferradura-mourisco
Nome científico | Rhinolophus mehelyi
Tipo de ocorrência | Residente
Estatuto de conservação a nível global | Vulnerável (VU)
Estatuto de conservação em Portugal | Criticamente em Perigo (CR)
Descrição
O morcego-de-ferradura-mourisco é uma espécie de morcego insetívoro com um corpo de cerca de 6 centímetros de comprimento, uma envergadura de aproximadamente 34 centímetros, e um peso entre 10 e 18 gramas. A sua pelagem, em geral castanha-acinzentada ou, mais raramente, castanho alaranjada, é comprida, sendo a da zona ventral mais clara que a do dorso. Possui asas relativamente curtas e largas, adaptadas a um voo com manobras complexas.
Habitat
Habita geralmente áreas de paisagem tipicamente mediterrânica, com habitats como com matagais, montados e vegetação ripícola. Os abrigos são quase exclusivamente grutas e galerias de minas abandonadas de grande ou média dimensão, ocorrendo em edifícios apenas ocasionalmente.
Distribuição
Este morcego está presente em regiões do Norte de África e Sul da Europa (regiões de clima mediterrâneo) e ainda da Ásia Menor até à Transcaucásia e Irão Ocidental. Em Portugal ocorre principalmente em regiões com grutas e minas abandonadas do Centro e do Sul do país, estando pontualmente presente também no Norte. Ainda que possa fazer movimentos com muitas dezenas de quilómetros é relativamente sedentário, permanecendo frequentemente todo o ano no mesmo refúgio.
Número de crias
Uma cria por fêmea por ano, depois de um período de gestação de 2 a 3 meses.
Longevidade
Não estão disponíveis dados que permitam determinar a longevidade máxima do morcego-de-ferradura-mourisco, mas tendo em conta o de outras espécies de morcegos-de-ferradura europeias é de esperar que esteja entre os 20 e 30 anos.
Dieta
Espécie insetívora, que captura principalmente borboletas noturnas. Caça frequentemente em áreas de matos mediterrâneos e zonas húmidas com vegetação ribeirinha bem estruturada, locais propícios para a captura de insetos, mas pode também caçar noutros habitats. Durante os primeiros períodos de vida são totalmente dependentes da mãe no que toca a alimentação.
Ameaças
O reduzido efetivo da espécie, associado à baixa fertilidade característica dos morcegos, torna esta espécie muito vulnerável.
As principais ameaças parecem ser a destruição e perturbação dos abrigos; a destruição de bons habitats de alimentação, diminuindo a disponibilidade de recursos; a poluição resultante da utilização de pesticidas e fertilizantes, que pode provocar a redução das presas, e o envenenamento de adultos e juvenis; o atropelamento e as vedações com arame farpado, a que esta espécie é particularmente vulnerável devido a voar frequentemente pouco acima do solo; e ainda a perseguição direta por parte do Homem a este grupo de mamíferos.
Estando a espécie muito ameaçada é essencial tomar medidas de conservação eficazes como a proteção legal dos abrigos e o encerramento das suas entradas às pessoas durante as épocas críticas do ano, a gestão do habitat nas áreas envolventes dos principais abrigos, diminuir o uso de pesticidas nestas áreas e ainda fazer a monitorização regular das suas populações. É também muito importante a sensibilização da população para que reconheça a importância desta e de outras espécies de morcegos insetívoros, tanto para o equilíbrio dos ecossistemas como para o controle de pragas agrícolas e florestais, assim como para desmistificar os mitos negativos que ainda afetam este grupo de animais.
Curiosidades
A maior parte dos morcegos possuem um sistema de ultra-sons (pulsações sonoras de alta frequência, acima do limite da capacidade auditiva humana), denominado ecolocação. Com este sistema, conseguem evitar os obstáculos e localizar as mais pequenas presas em pleno voo. As frequências dos sons por eles usados variam entre espécies, sendo possível identificar muitas delas através destes sons utilizando detetores eletrónicos especializados.
Um só morcego pode comer o equivalente ao seu peso em insetos numa só noite de verão. A grande quantidade de insetos que consomem explica a enorme importância dos morcegos insectívoros no funcionamento dos ecossistemas. Adicionalmente, como grande parte destes insetos pertencem a espécies que constituem pragas agrícolas ou são vetores de doenças, o seu impacto na agricultura é muito importante.
©Ana Rainho
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