A organização de conservação de natureza atualizou o seu Barómetro do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mostrando que em termos ambientais o plano vai contra as regras definidas pela Comissão Europeia para os PRR’s, apostando em investimentos contrários ao permitido pelo Pacto Ecológico Europeu. Restantes ONGAs da coligação C6 validam o conteúdo do barómetro, reiterando a falta de inclusão das respostas da consulta pública na nova versão do Plano.
Lisboa, 18 de março de 2021 - A ANP|WWF apontou hoje 7 pecados mortais que podem deitar por terra a oportunidade de Portugal aproveitar a “bazuca europeia” para transformar a economia, tornando-a mais resiliente, mais inclusiva e mais sustentável, em linha com o Pacto Ecológico Europeu.
A Barragem do Pisão, a ausência de propostas de investimento na Economia do Mar e Pescas, o elevado investimento em rodovias, a não inclusão de alíneas para a criação de empregos verdes, a inclusão da mineração num conceito de “green” para justificar a alocação deste investimento na transição verde, além da pouca documentação disponibilizada para os diversos investimentos para compreender o seu impacto quantitativo na redução da pegada carbónica, foram os pecados apontados pela ANP|WWF, apoiados pelas ONGAs pertencentes à coligação C6.
“O Governo deu 15 dias à Sociedade Civil para entregar contributos para uma estratégia que prevê recuperar a nossa economia nos próximos anos. Percebe-se a urgência, mas é difícil compreender como é que um instrumento de recuperação tão decisivo seja tão fechado à sociedade civil. Mesmo assim, o Governo diz ter recebido mais de 3000 contributos entre a primeira consulta pública à Visão Estratégica para a Recuperação da Economia Portuguesa[1], elaborada por António Costa Silva, e a segunda consulta lançada para Plano de Recuperação e Resiliência[2]. A ANP|WWF, como as demais ONGAs da C6, contribuiu nos dois momentos, mas pouco ou nada mudou e, por isso, a bem da transparência, seria importante o Governo divulgar os diversos contributos e perceber o que foi incluído e o que não foi”, afirmou Ângela Morgado, Diretora-executiva da ANP|WWF.
Paralelamente aos “7 pecados Mortais”, a ANP|WWF atualizou o seu Barómetro sobre as opções de investimento do Plano Nacional de Recuperação e Resiliência (PRR), em termos ambientais e assim facilitar a compreensão de toda a sociedade civil sobre o desenvolvimento deste plano e no futuro a sua efetiva aplicação. O Barómetro classifica as medidas propostas no PRR entregue em Bruxelas, com um código simples: verde, para o que deve ser mantido, amarelo, para o que deve ser melhorado e vermelho, para o que deve ser excluído.
“Após o processo de consulta pública, é com desagrado que vemos que poucas ou nenhumas evoluções foram feitas face ao plano original. O Plano de Recuperação e Resiliência permanece claramente a amarelo e vermelho, categorias insatisfatórias no que concerne ao pilar climático e que põe em causa a qualidade de vida dos portugueses, o direito a um ambiente saudável e a uma economia mais justa e mais resiliente”, reforça Ângela Morgado.
Para a líder da organização, “O Plano apresentado vai contra as regras definidas pela Comissão Europeia para os Planos de Recuperação e Resiliência dos Estados-Membros (como a própria já fez questão de referir publicamente). É urgente que o governo português apresente um novo plano que seja coerente com o Pacto Ecológico Europeu, as diretrizes da Comissão Europeia e sobretudo com as expetativas dos portugueses, a fim de garantir a aprovação dos investimentos propostos e um futuro mais justo e sustentável para Portugal”.
Para as ONGAs nacionais, os Planos Nacionais de Recuperação e Resiliência que serão aprovados durante a Presidência Portuguesa devem demonstrar que os Estados-Membros procuram uma verdadeira Transição Verde colocando o bem-estar das pessoas e da natureza no centro da resposta à crise, proporcionando uma "transição justa”, tal como foi pedido no ‘Manifesto por uma Recuperação Económica Justa e Sustentável em Portugal lançado em Abril de 2020.
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NOTA AOS EDITORES:
Com base entre o que deve melhorado ou mesmo retirado, a ANP|WWF enumerou os 7 Pecados Mortais do Plano de Recuperação e Resiliência “Recuperar Portugal, Construindo o Futuro (PRR)”:
Sobre a ANP|WWF
A WWF é uma das maiores e mais respeitadas organizações independentes de conservação do mundo, com mais de 5 milhões de apoiantes e uma rede global ativa em mais de 100 países. A missão da WWF é travar a degradação da natureza e construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza, através conservação da diversidade biológica do mundo, garantindo que a utilização dos recursos naturais renováveis seja sustentável, e promovendo a redução da poluição e do desperdício.
A ANP - Associação Natureza Portugal é uma ONG portuguesa que trabalha em Portugal em associação com a WWF; conservar a diversidade biológica nacional é a missão da ANP|WWF.
Sobre a C6
A C6 é uma Coligação de Organizações Não-Governamentais de Ambiente, criada em 2015 com o objetivo de atuar a uma única voz junto da sociedade civil e das instituições públicas e governamentais na defesa, proteção e valorização da Natureza e da Biodiversidade em Portugal, composta pelas seguintes organizações:
[1] A Visão Estratégica para a Recuperação da Economia Portuguesa, foi um documento elaborado pelo Consultor do Governo António Costa Silva que reuniu com inúmeras organizações, entre elas a ANP|WWF que apresentou na ocasião diversos contributos ao documento.
[2] A primeira versão do Plano de Recuperação e Resiliência “Recuperar Portugal, Construindo o Futuro” foi entregue em Outubro de 2020 à Comissão Europeia. Já em Fevereiro de 2021, o Governo lançou uma consulta pública deste plano entretanto atualizado e organizou diversos seminários temáticos, tendo a ANP|WWF submetido os seus contributos e sido convidada para participar no seminário sobre Recursos Hídricos.
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