2021

Lisboa, 2 de julho de 2021 – Entre 2017 e 2021, o Parque Marinho Professor Luiz Saldanha, no Parque Natural da Arrábida, e as áreas marinhas protegidas do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV) foram palco de dois grandes projetos científicos nacionais que demonstraram que a proteção de locais de elevado valor ecológico traz amplos benefícios ambientais e socioeconómicos.

 

Os projetos INFORBIOMARES e MARSW (Mar Sudoeste), coordenados pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN), em parceria com o Instituto para a Conservação da Natureza e das Florestas, e com coordenação técnico-científica dos consórcios dos centros investigação CCMAR e MARE, baseadas nas Universidades do Algarve, Évora e Lisboa e no ISPA - Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, comprovaram que a criação de áreas marinhas protegidas é extremamente importante para a conservação e restauração dos ecossistemas marinhos. Os estudos efetuados mostraram resultados positivos nestas duas grandes áreas estudadas, tendo-se observado não só um aumento da biodiversidade, mas também um aumento das populações de peixes, bem como da dimensão dos indivíduos.

 

No Parque Marinho Professor Luiz Saldanha foram feitos, pelo consórcio científico, mais de 62 mil novos registos de espécies que, somados aos que já eram conhecidos, ultrapassam hoje os 107 mil registos de mais de 1800 espécies conhecidas. Numa área tão pequena, esta biodiversidade configura-se como um verdadeiro tesouro dos nossos mares. Já as áreas marinhas protegidas da Ilha do Pessegueiro e do Cabo Sardão, na costa do PNSACV, viram aumentar não só a sua biodiversidade em cerca de 30%, mas também a abundância de peixes com interesse comercial (como a abrótea e o linguado) na ordem dos 250%, e ainda o seu tamanho em até 50%.

 

As áreas marinhas protegidas desempenham assim uma função vital na conservação de espécies com elevado interesse comercial. Apesar de haver ainda muita atividade ilegal nestas áreas de maior proteção, a tendência ao longo dos anos tem sido de aumento da densidade e biomassa.

 

Segundo Inês Cardoso, Vice-Presidente da Direção Nacional da LPN e bióloga marinha, os projetos ajudaram a colmatar lacuna no nosso entendimento do que são as áreas marinhas protegidas, tendo desenvolvido ferramentas e o conhecimento científico para que no futuro se tomem decisões informadas sobre a gestão destas áreas”. Acrescenta ainda que o projeto se excedeu neste objetivo ao afirmar também a “importância vital do conhecimento científico para a conservação da Natureza”.

 

Os projetos INFORBIOMARES e MARSW foram cofinanciados ao abrigo do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), e contribuem para a Estratégia Nacional para o Mar e para que Portugal avance com a criação de mais áreas marinhas protegidas, permitindo alcançar os compromissos Nacionais assumidos perante Bruxelas.

 

 

 

INFORMAÇÃO ADICIONAL

Liga para a Protecção da Natureza | Fundada em 1948, a Liga para a Protecção da Natureza (LPN) é a associação de defesa do ambiente mais antiga da Península Ibérica. É uma organização não-governamental de ambiente (ONGA), de âmbito nacional e de utilidade pública, que tem por missão contribuir para a Conservação da Natureza e para a defesa do Ambiente, numa perspetiva de desenvolvimento sustentável, que assegure a qualidade de vida às gerações presentes e vindouras. Foram já inúmeros os prémios e condecorações atribuídas à LPN, destacando-se, a nível nacional, a Ordem do Infante Dom Henrique (1994), a Ordem de Mérito (1998) e a agraciação como Membro Honorário da Ordem da Instrução Pública (2018).  Ao longo da sua história, a LPN foi decisiva para a criação de várias áreas protegidas em Portugal, nomeadamente, o Parque Nacional Peneda-Gerês (1971), o Parque Natural da Arrábida (1976), a Reserva Natural do Estuário do Sado (1980), a Reserva Natural da Serra da Malcata (1981) e o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (1988).

 

INFORBIOMARES | O projeto INFORBIOMARES teve como objetivo desenvolver um sistema de informação e monitorização que permita responder às necessidades de avaliação periódica dos objetivos de gestão e ordenamento das áreas marinhas classificadas da Arrábida, nomeadamente do sítio de importância comunitária (Rede Natura 2000) nela integrado.

O projeto integrou ações que visam a recolha de informação, desenvolvimento de ferramentas de gestão, pesquisa e processamento de dados para suporte à decisão na área da biodiversidade marinha, focadas no alargamento da Rede Natura 2000 no meio marinho. Neste contexto, desenvolveu-se um sistema de informação e monitorização que permite compilar, organizar, analisar, e atualizar continuamente a informação relevante para responder às necessidades de avaliação da conservação e medidas de gestão e ordenamento da biodiversidade das áreas classificadas da Arrábida, bem como constituir uma ferramenta de apoio ao conhecimento e acompanhamento da distribuição e estado de conservação da biodiversidade e habitats definidos pela Diretiva Habitats, que permita dar resposta às necessidades de avaliação periódicas.

 

 

MARSW | O projeto MARSW, desenvolveu um sistema de informação e monitorização que permita responder às necessidades de avaliação periódica dos objetivos de gestão e ordenamento da área marinha classificada do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina e Sítio de Importância Comunitário da Costa Sudoeste) e às necessidades de conhecimento da distribuição da biodiversidade e dos habitats definidos na Diretiva Habitats, bem como da avaliação periódica do seu estado de conservação.

 

O conhecimento do estado de conservação das espécies e habitats e da eficácia dos planos de gestão e ordenamento são centrais para o suporte de decisão e de gestão, nomeadamente aquando da avaliação e adaptação de medidas de gestão, revisão periódica de planos de ordenamento, conhecimento e definição de locais representativos dos habitats e espécies a proteger, e propostas de alargamento dos limites de áreas classificadas, bem como para informar os seus utilizadores e poder envolvê-los na sua gestão.

 

 

No âmbito dos projetos foi desenvolvido uma vídeo sinopse com a participação de todas as entidades intervenientes, cuja a versão resumida pode ser vista através do Youtube.

 

 

 

 

 

 

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