81% dos habitats e 63% das espécies da Europa estão em declínio e enfrentam um futuro incerto se nada for feito para impedir a sua degradação
Lisboa, 19 de outubro de 2020 – Foi divulgado hoje o relatório do estado da Natureza na Europa, referente ao período 2012 e 2018, assinado pela Agência Europeia do Ambiente após a recolha de informação de cada Estado-Membro. O relatório vem demonstrar o mau estado global dos ecossistemas europeus, dos quais depende a saúde das populações e o bem-estar da sociedade. 81% dos habitats e 63% das espécies da Europa estão a desaparecer. A insustentabilidade da agricultura e exploração florestal intensivas, a expansão urbana e a poluição são apontadas como as 3 principais causas de degradação do património natural, aliadas à falta de implementação e cumprimento das diretivas europeias pelos Estados-Membros.
O elenco de ameaças à Natureza é longo e abrange todos os meios. A poluição do ar, da água e do solo, a sobre-exploração dos animais selvagens através da captura ilegal, caça e pesca, a obstrução de cursos de águas com barragens, a expansão das espécies invasoras, as alterações climáticas, o abandono das práticas agrícolas tradicionais, entre outras causas, impactam diretamente, diariamente, a biodiversidade e o funcionamento dos ecossistemas. Tudo isto leva a que, por exemplo, 39% das 463 espécies de aves que habitam na Europa estejam num estado considerado pobre ou mau.
Em Portugal, apenas 24% dos habitas estão em bom estado de conservação, 72% estão em estado inadequado ou mau, e 4% estão em situação desconhecida. Os habitats em pior estado de conservação são as florestas, com apenas 4% em bom estado, e os habitats costeiros com 12.5%. Para a Liga para a Protecção da Natureza, as florestas portuguesas devem o seu mau estado de conservação, sobretudo, à ocorrência recorrente de incêndios, e ao avanço imparável, por ação humana ou regeneração natural, de espécies exóticas, como o eucalipto e as acácias. Já as pressões sobre os habitats costeiros, como as frágeis dunas, infelizmente são notícia frequente pelo apetite que têm gerado no sector hoteleiro, do turismo e da agricultura intensiva. São apenas um dos exemplos de ameaças que a litoral português enfrenta.
Além disto, cerca de 80% dos habitas nacionais em estado desfavorável tendem a degradar-se ainda mais se nada for feito para o evitar. Esperamos que estes números tão preocupantes, vejam na agenda da Nações Unidas para a próxima década (a “Década do Restauro Ecológico”), da Comissão Europeia – com as novas Estratégias para a Biodiversidade e “Do Prado ao Prato” –, e nacionais as ferramentas e os fundos necessários para a sua inversão. Para o bem do planeta e de todos nós.
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