A coligação C6, que integra as maiores Organizações Não Governamentais de Ambiente portuguesas, constituída pela ANP/WWF, GEOTA, FAPAS, LPN, QUERCUS e SPEA, defende que a atual Lei da Caça não tem um enfoque na gestão sustentável dos recursos cinegéticos, permitindo uma série de práticas nocivas para as espécies e ecossistemas. A Coligação C6 defende, assim, a abolição do uso de munições com chumbo na atividade cinegética em todos os habitats e a suspensão temporária da caça à rola-brava.
A Coligação considera ainda que gestão da caça tem implicações para a proteção das espécies ameaçadas e dos seus habitats e admite que as espécies cinegéticas são um recurso natural, que gerido de uma forma responsável traz benefícios económicos e sociais. Estes são os principais comentários das ONGA da C6 à proposta de portaria de calendário venatório 2018-2021 lançada pelo Gabinete do Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural durante o mês de Março.
As ONGA pertencentes à Coligação C6 têm vindo a defender a revisão da legislação, para possibilitar uma prática cinegética mais sustentável.
Assim, no parecer enviado ao Gabinete do Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, a Coligação C6 defende que:
1) O calendário venatório deve ter um caráter anual. A Coligação C6 considera a atual Lei da Caça inadequada para uma gestão responsável do recurso natural, que são as populações de espécies cinegéticas e o meio natural em que vivem. Consideram que deve ser aberto um processo de revisão da Lei Geral da Caça, com uma discussão aberta a todos os elementos da sociedade, incluindo as ONGA.
2) Uma das situações mais graves é a caça com munições contendo granalha de chumbo. Portugal é um dos países europeus onde ainda é possível caçar com estas munições, que contaminam a água, os solos, a fauna e as pessoas. Atualmente, no nosso país, a proibição da utilização de munições com granalha de chumbo vigora apenas nas zonas húmidas dentro de áreas classificadas. No resto do território, continua a ser legal caçar com munições que contêm este metal tóxico, resultando na contaminação da água, dos solos e do alimento (no caso das espécies necrófagas), numa prática que não é aceitável duma sociedade informada e responsável.
3) A pressão cinegética sobre a rola-brava (Streptopelia turtur) continua. Esta é uma espécie cujas populações diminuíram 79% desde 1980, e que enfrenta um sério risco de extinção em vários países da Europa. A C6 defende uma suspensão temporária da caça à rola-brava. Esta medida deverá ser acompanhada por uma monitorização que permita avaliar o seu efeito nas populações da espécie e pela implementação do Plano de Gestão da Comissão Europeia para a espécie.
A C6 não quer deixar de referir a situação de ausência de publicação das estatísticas da caça, porque são relevantes para as decisões em sede de calendário venatório. Cabe à Administração Pública a responsabilidade dessa publicação. Deverá ser criado um sistema credível de estatísticas da caça, obtidas de forma independente e publicadas regularmente. A C6 defende que as decisões sobre o calendário cinegético devem ser tomadas à luz da informação atual e fiável sobre o estado das populações das espécies.
4) Na medida cautelar proposta através do Art.4º – Norma Transitória - não se compreende:
5) Falta de critérios na definição dos limites diários de abate, onde há espécies que vêem as suas quotas reduzidas e outras que se encontram igualmente com tendência regressiva e para as quais não se observam alterações, questionando-se os critérios técnicos que estiveram na base desta definição de quotas.
A coligação C6 está convicta que a informação e mobilização dos cidadãos pode sempre fazer a diferença para exigir aos decisores que optem por medidas que protejam o Ambiente e a Natureza em Portugal.
Assim, a C6 considera fundamental que o Gabinete do Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural integre as suas sugestões na proposta de portaria de calendário venatório 2018-2021 e está naturalmente disponível para continuar a dar sugestões no sentido de tornar a atividade cinegética mais sustentável e respeitadora dos recursos naturais.
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