2020

Em Portugal, por cada 10 mil habitantes, apenas 19 dizem ter sido voluntários numa associação de defesa do ambiente.

 

 

Os dados de 2018 do Instituto Nacional de Estatística revelaram que, dos perto de 700 mil portugueses que participaram em ações formais de voluntariado, cerca de 19 mil estiveram associados a organizações não-governamentais de ambiente (ONGA). Uma taxa inferior a 3% que, sendo diluída pela totalidade da população nacional, quase desaparece. Nos mais de 70 anos de existência da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), os voluntários sempre tiveram um papel determinante na sua constituição e atividade a começar, desde logo, por quem a lidera.

 

Ser voluntário, é deixar-se guiar pelo desassossego do espírito de quem dá o seu tempo para defender uma causa nobre, e pela coragem de o materializar sem esperar retorno. A história da humanidade seria hoje muito mais pobre se excluísse o contributo daqueles que se dedicaram, altruisticamente, aos principais desafios que se impõem sobre a sociedade e o planeta.

 

Com os seus 6,4% de taxa de voluntariado, Portugal apresenta o terceiro menor valor da União Europeia, apenas à frente da Bulgária e da Roménia. A média da UE está nos 19,3%. O voluntariado, no seu casamento de direitos e deveres, expectativas e necessidades, é essencial para vários sectores, como o serviço social, cultura e lazer, saúde, desenvolvimento, advocacia, educação e investigação, solidariedade religiosa, profissional, sindical e também o ambiente.

 

O voluntariado foi sempre determinante no movimento ambientalista que, em Portugal, assumiu dimensão no final da década de 1940 com a criação da LPN, a primeira associação de defesa do ambiente da Península Ibérica. A LPN investe anualmente em ações de formação para voluntários e no seu acompanhamento posterior. Além da troca de experiências e ideias, estas ações desencadeiam tarefas e fomentam a autonomia, o envolvimento e a responsabilização. Alimentam a regularidade, maturidade, empenho e resiliência dos voluntários, tornando-os parte da casa. Tanto é que a coordenação do voluntariado da LPN é partilhada com uma voluntária. Para Ana Luísa Barros, atualmente estudante de doutoramento da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, “é igualmente importante sentir que faço parte da associação e que o meu contributo faz a diferença, que não é apenas um ato isolado”.

 

Na LPN – à semelhança de outras ONGA –, é frequente encontrar forma de ajudar e contribuir com conhecimento técnico nas mais diversas áreas, desde a biologia e ecologia, à advocacia, ao design ou à contabilidade, entre tantas outras. É possível participar em projetos de conservação da Natureza ou de educação ambiental, ou até representar a associação em eventos, atividades e angariações de fundos, como embaixador, vestindo a camisola junto da comunidade. Talvez por já ter sido descrita como “avó que continua a defender a natureza com a energia de uma criança”, a LPN tem encontrado vontade de ajudar em pessoas de todas as idades, garantindo sempre que o seu tempo estaria a ser investido na preservação do património natural, e num futuro melhor. Em alturas de crise, os voluntários são, mais do que nunca, uma ajuda imperativa para as instituições.

 

Por um mundo melhor, incentivamos a que procure mais informações sobre as associações portuguesas que se dedicam à defesa do ambiente e a associar-se àquelas com que se identifica.

 

Referências (clique para consultar):

 

 

Lisboa, 27 de abril de 2020

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