À descoberta da geodiversidade do Parque Natural Sintra Cascais e Mafra

No dia 19 de Fevereiro, duas turmas da Escola Básica Lindley Cintra foram à descoberta da geodiversidade do Parque Natural Sintra Cascais e de Mafra, numa saída de saída de campo integrada no projeto Despertar para Natureza, promovido pela LPN. Os alunos, acompanhados pelo professor Jorge Fernandes da LPN e por professores de diversas disciplinas, nomeadamente Ciências Naturais, Físico-Química e TIC, tiveram oportunidade observar e conhecer aspetos importantes da geologia e biodiversidade do local bem como tomar consciência do impacto da ação humana na paisagem. No início da visita foi distribuído um guião de campo para os alunos preencherem servindo como auxílio nesta descoberta.  

 

Partimos às 8.30h da escola em direção à primeira paragem: a praia do Guincho. Ali, na orla costeira, sob um céu azul e sol brilhante, observamos o maciço eruptivo de Sintra originado à cerca de 65 milhões de anos. Guiados pelas palavras do professor Jorge Fernandes, recordamos os tipos de rochas, compreendemos a formação da Serra de Sintra, analisando simultaneamente  o mapa geológico da região. Ficamos a saber que esta atividade magmática teve igualmente impacto ao longo da orla costeira de Cascais, com a produção de falhas preenchidas por magma observáveis bem no ponto onde estávamos. De seguida fomos à descoberta de fósseis de idade  que nos permitiam identificar a idade da rochas e de fácies que determinam o ambiente na altura da formação dessas rochas.

 

Arriba João Padeiro.

 

 

Arriba João Padeiro. Fotografia de Sara Guardado.

 

 

Arriba João Padeiro. Calcário fossilífero do Cretácico Inferior. Fotografia de Sara Guardado.

 

 

De seguida, caminhamos até um pouco mais à frente: as Dunas da Cresmina. Entendemos a sua dinâmica dunar cuja direção preferencial dos ventos, transporta areias das praias do Guincho e da Cresmina provenientes predominantemente de Noroeste, conduzindo a um avanço de cerca de 10 metros por ano. Para além de observação de espécies endémicas, foi salientada a importância de preservar a estrutura dunar, controlar as invasoras e manter a integridade do local mediante a minimização da intervenção antrópica.

 

 

Dunas da Cresmina. Fotografia de Sara Guardado.

 

 

Depois de uma breve paragem para um lanche, partimos em direção à praia do Magoito. Descendo por uma extensa rampa que nos levava em direção à praia observamos lateralmente toda a extensão de uma incrível paleoduna. Esta foi formada à cerca de 10 000 anos atrás  durante um período de glaciação quando o mar tinha recuado cerca de 100m, e representa um estado de transição da areia solta para o arenito. Aqui, já com o estômago a dar horas, decidimos almoçar. Fizemos um piquenique na praia, descontraímos, partilhámos e no final rumámos em direção à nova paragem.

 

 

Paleoduna do Magoito. Fotografia de Sara Guardado.

 

 

Paleoduna do Magoito. Fotografia de Sara Guardado.

 

 

O seguinte destino era ainda no concelho de Sintra e no Parque Natural Sintra - Cascais , concretamente a Granja dos Serrões. Aqui mergulhamos num pequeno labirinto de estranhas e curiosas estruturas calcárias formando um campo de Lapiás. Algumas tinham mais de dois metros de altura e estima-se que foram formada há cerca de 80 mil anos pela ação da água rica em dióxido de carbono. Também presenciamos várias espécies autóctones, como o carrasco e o carvalho cerquinho. Com a aplicação PlantNet fomos descobrindo estas e outras espécies da região.

 

 

 

 

 

Depois desta paragem, seguimos de autocarro para a seguinte estação em Mafra para observar o Penedo de Lexim. Esta estrutura, que constitui uma chaminé magmática, tem a particularidade de ser constituída por filas de prismas de basalto, chamadas disjunções prismáticas. O seu valor é inegável, se tal forma que, se há uns anos era explorada pela indústria extrativa, atualmente é caraterizado de Imóvel de Interesse Público, e por isso com caráter de proteção.

 

 

Penedo do Lexim. Fotografia de Sara Guardado.

 

 

De seguida esperava-nos uma pequena aventura: caminhamos cerca de uma hora em que mergulhamos por meio da floresta, cruzamos os campos cultivados e percorremos acompanhando o percurso de um pequeno rio em direção ao autocarro que nos esperava. Aí aproveitamos para lanchar e descansar antes de regressarmos à nossa escola.

 

 

 

 

 

 

Estivemos na natureza, observámos estruturas que já tínhamos visto nos livros, e outras que nunca ouvíramos. Partilhamos questões, comentamos, rimos, caminhamos e divertimo-nos - certamente este foi um dia que não nos vamos esquecer.

 


Rosa Sousa
Professora de Biologia Geologia no AE Lindley Cintra

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