À descoberta do património natural  e cultural  da região de Mafra

Um roteiro pela região de Mafra dando a conhecer a envolvência natural e cultural do Penedo do Lexim, Palácio Nacional de Mafra e Jardim do Cerco foi a proposta apresentada ao Projeto Despertar para a Natureza da LPN, pelas professoras do Agrupamento de Escolas de Miraflores.


Para além da descrição e estudo da Geologia da região, os alunos realizaram diversas atividades experimentais sobre o solo a flora e fauna apreciando a biodiversidade em toda a complexidade de formas e adaptações complementadas com a história local

 

A implementação de saídas de campo aliadas ao desenvolvimento de atividades de trabalho de campo bem estruturadas, são uma excelente estratégia de ensino-aprendizagem, promovendo a responsabilidade, autonomia e espírito de grupo nos alunos. Nesse âmbito, a realização destas saídas de campo, com uma metodologia bem estruturada, encoraja nos futuros cidadãos, uma nova visão indissociável de uma paixão com a Natureza, capaz de possibilitar um respeito e responsabilidade para com a preservação e valorização do património natural e cultural. Essa é uma das finalidades do Projeto Despertar para a Natureza.

 

Aspeto do afloramento e disjunção colunar do Penedo do Lexim. Fotografia de Paula Pinho.

 

 

No dia 6 de dezembro, os alunos do 6º ano do Agrupamento de Escolas de Miraflores, acompanhados pelos seus professores (Maria Paula Pinho, Conceição Meira, Anabela Cabrito e Anabela Andersson) e pelo professor destacado na LPN – Jorge Fernandes realizaram uma saída de campo ao Penedo do Lexim, Jardim do Cerco e Palácio Nacional de Mafra, no âmbito do Projeto Despertar para a Natureza apoiado pela EPAL.


As atividades práticas e atividades de trabalho de campo, fora do contexto de sala de aula, têm sido, geralmente associadas às Ciências da Natureza. Contudo, durante o processo de ensino-aprendizagem as saídas de campo, tal como a Educação Ambiental deverão ser trabalhadas pelas diferentes áreas de saber, pois a temática do Ambiente é complexa e de natureza interdisciplinar, sendo que os Eixos Temáticos da ENEA-Estratégia Nacional de Educação Ambiental (Valorização do Território, Descarbonização da Sociedade e Economia Circular), privilegiam uma componente transversal. Nessa perspetiva, esta saída de campo teve como objetivo ligar o estudo das Ciências à História de forma a que os alunos que tomem conhecimento da diversidade, complexidade e a multiplicidades de variáveis existentes numa saída de campo. Através de um roteiro pela região de Mafra, antes da saída de campo, no espaço da sala de aula, foi facultado aos alunos uma abordagem prévia com informação prévia dos locais a visitar, com o objetivo de se atenuar  o Espaço Novidade,  utilizando como estratégia de aprendizagem uma plataforma de conteúdo interativo e animado – Genially.

 


Introdução das regras e atividades a realizar no Penedo do Lexim

 

 

Após a apresentação das regras da saída de campo deu-se início a um pequeno percurso pedestre, caminhando por entre campos agrícolas, pastos e carvalhais até ao Penedo do Lexim. Os alunos iam preenchendo o guião previamente fornecido pelas professoras e com o apoio do professor destacado observou-se e destacou-se alguns aspetos da flora caraterística da região.

 

Percurso pelo Penedo do Lexim. Fotografia de Paula Pinho.

 

 

Chegados ao afloramento do Lexim fez-se o enquadramento Geológico do local bem como da disjunção colunar observada.  Para além da importância geológica do Penedo do Lexim, este local possui igualmente um elevado valor arqueológico e natural, tendo aqui sido estabelecido um dos primeiros fortificados Calcolíticos e da Idade do Bronze da Península Ibérica, levando-o a ser classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1975.

 

Aspeto do afloramento e disjunção colunar do Penedo do Lexim

 

 

Descrição da Geologia do Penedo do Lexim. Fotografia de Paula Pinho.

 

 

Pteridófitas -  Polypodium evidenciando os soros nas páginas inferiores das folhas e Tefrito (rocha ígnea vulcânica ou extrusiva com a presença de líquenes crustáceos.  Fotografia de Paula Pinho.

 

 

Liquene fruticuloso (Ramalina farinacea). Fotografia de Paula Pinho

 

 

Após a visita ao Penedo do Lexim era tempo de se visitar o Jardim do Cerco, que juntamente com o Palácio Nacional de Mafra e a Tapada de Mafra se encontra inscrito na Lista do Património Mundial da UNESCO, em 2019.

 

Chegada ao Jardim do Cerco.

 

 

O Jardim do Cerco construído por ordem de D.João V, originalmente cerca conventual, de estilo Barroco, é um espaço histórico de recreio e lazer, contendo uma mata, horto botânico, jardim formal e áreas de lazer, dispostos geometricamente formando canteiros bem repartidos por amplas ruas, com aproximadamente 9 hectares. Após a observação dos fósseis de rudistas nas cantarias dos muros do Jardim sob orientação das professoras e do professor destacado, os alunos organizados em pequenos grupos realizaram diferentes atividades de trabalho de campo em diferentes espaços, de dimensões aproximadamente iguais com um estrato arbóreo e arbustivo.

 

As atividades propostas pelo professor destacado têm como objetivo uma pedagogia centrada nos alunos, não descurando uma orientação por parte dos professores, tiveram uma particular incidência sobre a qualidade do solo, pois o solo é o fator do meio que permite a regeneração da Floresta e o estabelecimento da vegetação. Nesse âmbito, com base nas fichas fornecidas, os alunos curiosos e participativos caraterizaram o tipo e as propriedades do solo, como sejam: sua cor, permeabilidade, porosidade, textura, compactação e biodiversidade do solo, enfatizando-se atividades de descoberta de vegetação e organismos no solo.

 

Para além da avaliação da qualidade do solo identificaram-se algumas das principais espécies de flora e fauna existente e abundância de líquenes.

 

Após a realização das atividades experimentais na mata, os alunos acabaram por completar as respostas às questões propostas e ao guião, com a colaboração das professoras, no espaço agradável de piquenique existente no Jardim. 

 

Alunos completando o guião e os exercícios das atividades realizadas sobre a qualidade do solo.

 

 

Era tempo de se almoçar e após a visita ao Jardim do Cerco, caminhou-se em direção ao palácio Nacional de Mafra onde após a descrição das professoras de História os alunos tiveram a possibilidade de apreciar e responder a questões colocadas no guião acerca do maior monumento nacional edificado entre 1717 e 1730.

 

Visita ao Palácio Nacional de Mafra.

 

 

Pontualmente cumprindo-se o horário previsto regressámos à escola, onde se fará a correção das respostas ao guião através de uma saída de campo que se revelou como uma estratégia e uma prática pedagógica experiencial e diferenciada tornando-se um cenário mais rico de aprendizagem.

 

De notar, também, que as atividades no exterior, podem ser estimuladas nos pátios das escolas, através do seu embelezamento promovendo atitudes e comportamentos pró-ambientais, como é o caso da plantação de planta suculentas efetuada pelas professoras e alunos nos canteiros da escola.

 

 

Canteiro de plantas suculentas na Escola Básica de Miraflores.

 

 

Os professores podem simplesmente mover o seu currículo atual para o exterior ou inserir o mundo natural no currículo, desenvolvendo-se atividades interdisciplinares ao ar livre e essa é a finalidade do projeto Despertar para a Natureza propiciando apoio a uma maior aproximação ao mundo natural de forma a capacitar os alunos para a conservação e valorização do território.

 

Estas iniciativas de saídas de campo dos professores inseridas Projeto Despertar para a Natureza com o apoio no transporte por parte da EPAL  proporcionam o conhecimento e observação da região através da realização de saídas de campo é fundamental na mobilização das pessoas para a valorização do território - eixo temático da Estratégia Nacional de Educação Ambiental integrando-se nos temas chave do referencial de Educação Ambiental para a Sustentabilidade, de Educação para a Cidadania e do perfil dos alunos à saída da Escolaridade Obrigatória.

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