Fotografia @carlosnunes
Hoje, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) atualiza oficialmente a Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas, onde se assinala a recuperação do estatuto de conservação do lince-ibérico de “Em Perigo” para “Vulnerável”, ao nível global.
No ano em que também celebramos os 20 anos de Programa Lince, a LPN mostra-se satisfeita com este resultado e com o sentimento de dever cumprido por ter sido uma peça estruturante nos esforços de conservação desta espécie ao nível nacional.
Há duas décadas atrás, tudo parecia tão difícil. A campanha “Salvemos o Lince e a Serra da Malcata” de 1979 chamou a atenção para a causa da conservação do lince-ibérico em Portugal, mas não resolveu os problemas que se sabiam existir no terreno.
Sabíamos por onde se tinha de começar. E começámos. Juntámo-nos à organização Fauna & Flora International, criámos o Programa Lince e, por essa via, construímos as primeiras pontes com as comunidades locais, celebrando parcerias com associações de caçadores e proprietários, fundamentais para uma boa gestão do mundo rural. Articulámo-nos com a Administração Pública, acompanhámos o progresso na conservação deste felino em Espanha, e investimos na conservação in situ.
Demos início ao primeiro programa contínuo de informação, educação e sensibilização para o lince-ibérico em Portugal, onde sentíamos que este era mais preciso, em territórios de ocupação histórica da espécie no sul do país. Desde as serras de Moura, passando pelo Vale do Guadiana, até à Serra do Caldeirão, chegámos a milhares de pessoas e protocolámos mais de 20 mil hectares da paisagem Mediterrânica, onde implementámos centenas de medidas concretas de conservação.
As nossas equipas criaram laços no terreno que se mantêm até hoje. Muitas vezes nos chamaram localmente de "Programa Coelho", porque era sobretudo isso que fazíamos, a gestão de habitat e a promoção do coelho-bravo, para que o lince-ibérico pudesse novamente ocorrer naqueles territórios.
A população de lince-ibérico aumentou exponencialmente, passando de cerca de 100 animais no início do século, distribuídos por duas populações em Espanha, para cerca de 2000 indivíduos em 2023, distribuídos por 14 núcleos populacionais de presença estável e reprodução confirmada, um deles em Portugal. O lince-ibérico ocupa agora pelo menos 3320 km2, um aumento em relação aos 449 km2 em 2005.
Os esforços de conservação desta espécie-chave têm-se centrado no aumento da sua principal presa, o coelho-bravo, igualmente ameaçado, na proteção e restauro do mosaico da paisagem Mediterrânica e na redução da mortalidade causada pela atividade humana. Outra peça fundamental nesta recuperação histórica foi o programa de reprodução ex situ e a translocação de animais, com vista à melhoria da diversidade genética da espécie. Desde 2010, mais de 400 linces-ibéricos foram reintroduzidos em Espanha e em Portugal.
O lince-ibérico continua ameaçado e, em Portugal, com o estatuto “Em Perigo”.
Na LPN e no Programa Lince, seguimos caminho, não só porque a situação do lince-ibérico em Portugal ainda exige muito trabalho, mas também porque neste maravilhoso percurso adotámos outras causas, outras espécies, como a recuperação do Abutre-preto na região sudeste e o restauro da paisagem Mediterrânica. Conheça o projeto LIFE Aegypius return - clique AQUI.
Saiba mais sobre a Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da UICN.
O Programa Lince foi criado em 2004 como resultado de uma parceria entre a LPN e a FFI.
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