Fotografia ©CarlHawker
Associações e movimentos alertam para o risco iminente de destruição das Alagoas Brancas e apelam à intervenção imediata do Ministro do Ambiente e da Ação Climática na véspera da discussão, no parlamento, de várias propostas de resolução para a proteção desta zona de interesse público. Esta situação decorre do incumprimento do regime de Reserva Ecológica Nacional aquando da revisão do Plano Diretor Municipal de Lagoa, no Algarve.
As Alagoas Brancas são uma importante reserva de água doce, estabelecida numa zona cársica e inserida num aquífero aluvionar que integra a Reserva Ecológica Nacional, e que se encontra em vias de ser destruída para construir mais uma superfície comercial.
Caso este investimento avance, será terraplanado um ecossistema extremamente rico, levando à destruição de importantes redutos de flora importantíssima das Alagoas Brancas, bem como o habitat de centenas de espécies de fauna. Para além disso, é posta em risco a segurança de pessoas e bens, quando se permite a construção de uma grande superfície comercial numa zona de aquífero, onde há risco evidente de inundações e cheias.
Esta destruição ambiental e o risco associado poderiam ser facilmente evitados bastando para isso mudar a localização deste investimento para um dos muitos terrenos disponíveis nas redondezas.
As associações signatárias apelam ao Ministro do Ambiente e da Ação Climática para defender o bem público de valor excepcional que está aqui em causa e, no âmbito das suas competências, decretar a proteção imediata desta zona, corrigindo lapsos detetados na ação das Entidades com competências na matéria. Estão em causa valores naturais muito superiores ao da construção de mais uma superfície comercial. As Alagoas Brancas são o principal remanescente das lagoas que deram o nome à cidade e concelho de Lagoa. São património natural, como tal esta área deve ser classificada como Paisagem Protegida Regional e, em continuidade com áreas adjacentes, funcionar como um corredor ecológico, que seria especialmente importante nesta região já altamente construída do Algarve.
Perante o exposto as associações signatárias solicitam ao Ministro que intervenha de forma célere e efetiva, solicitando:
As zonas húmidas de água doce no Algarve são raras e estão ameaçadas. A situação das Alagoas Brancas merece toda a atenção e intervenção urgente das entidades competentes em matéria de ordenamento do território e conservação da natureza com vista à sua preservação.
a) Tipologias da Reserva Ecológica Nacional (REN) de acordo com a Portaria 336/2019, de 26/9, já em vigor nos 2 anos anteriores à publicação do PDM de Lagoa revisto (Aviso n.º 16179/2021, de 26/8). Por sua vez, a CCDR com a atribuição de zelar pelo cumprimento da Reserva Ecológica nos instrumentos de gestão territorial permitiu a aprovação da revisão do PDM de Lagoa sem que esta depressão cársica, que contém um aquífero aluvionar freático, sujeita a inundações e cheias, não fosse delimitada na REN. Quanto ao ICNF, na posse do estudo científico promovido pela Almargem, que comprova a existência de um ecossistema tão importante, tampouco se opôs à manutenção de uso comercial na revisão do PDM de Lagoa.
b) As Entidades Municipais com competências na matéria vêm alegando que o licenciamento é legal porque existem instrumentos de gestão territorial eficazes, nomeadamente o Plano de Urbanização da UP3, com base em pareceres favoráveis da CCDR-ALG, ICNF e APA.
No entanto, não tem sido referido que na revisão do Plano Diretor Municipal de 2021, situação ideal para corrigir erros evidentes no sistema de instrumentos de gestão territorial municipal, a APA com competências na delimitação das ZAC e AEIPRA nas Cartas da REN não integrou esta área, a CCDR com competências na verificação do cumprimento da REN nos instrumentos de gestão territorial dos municípios inseridos na sua área de atuação tampouco o fez e, por sua vez, o ICNF na posse do Estudo Científico realizado pela Almargem em parceria com a Academia e associações especialistas tampouco se opôs, reiterando-se o erro outrora cometido no PU da UP3.
Relembre-se que nos pareceres emitidos pela CCDR e pelo ICNF por solicitação do Tribunal Administrativo de Loulé, aquando da providência cautelar de 2021, ambas as Entidades salientam a necessidade de Avaliação de Impacto Ambiental.
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