No âmbito do protocolo da Rede de Clubes Ciência Viva que a LPN tem vindo a desenvolver com a Escola Básica Eugénio dos Santos, os alunos foram desafiados a sair da sala de aula, observando e documentando a flora e fauna do espaço exterior da escola. Utilizando as ferramentas e recursos digitais com uma abordagem ativa e experiencial no processo de aprendizagem deu-se a conhecer a biodiversidade e geodiversidade do recinto escolar.
São enormes os desafios e as oportunidades que atualmente se colocam à Educação na integração das tecnologias digitais, nomeadamente, nas atividades fora da sala de aula, nos recintos escolares e/ou saídas de campo. Nesse âmbito, a LPN desenvolveu uma ação com alunos do 5º ano e professores da Escola Básica Eugénio dos Santos, no âmbito do protocolo dos Clubes de Ciência Viva através do professor destacado – Jorge Fernandes.
Após uma explicação prévia da importância das espécies autóctones na promoção da biodiversidade, os alunos e professores foram convidados a experimentar diversas aplicações móveis digitais, potencializando-as para a observação, descrição, identificação e conhecimento da geodiversidade, flora e fauna do recinto escolar.
Pensamos que atualmente, os alunos não são estimulados pelos modelos tradicionais da aprendizagem em que o professor escreve no quadro da sala de aula o que está nos livros de texto, ou nos manuais escolares. As tecnologias ao serviço da Educação, permitem que os alunos orientados pelos professores possam sair para o exterior da sala de aula, descobrindo o espaço envolvente e depois irem para sala de aula discutir, buscar, resolver as questões e os desafios que lhes foram colocados anteriormente na saída de campo.
Devidamente orientados os alunos, com o recurso aos dispositivos móveis, efetuaram um pequeno trajeto na escola, gravando o seu percurso num mapa. Siimultaneamente, iam adicionando pontos de passagem, tirando fotos das espécies e curiosidades observadas ao longo do seu itinerário, carregando-as as descrições e as fotos na aplicação Wikiloc. Para o registo e descrição das espécies recorreu-se a diversas aplicações móveis, como por exemplo a Plantnet, iNaturalist, Picturesinsect.e Birnet, entre outras, que permitem após uma foto da planta se obtenha uma identificação.
Através de uma pedagogia ativa centrada no aluno, a utilização das aplicações móveis são ferramentas que poderão complementar as saídas no exterior da sala de aula, sendo facilitadores da aprendizagem, motivando os alunos, promovendo uma aprendizagem criativa e participativa.
Visualização do itinerário no smarthphone. Observação e registo de plantas com a aplicação Plantnet.
Iris unguicularis junto à planta invasora (Agave americana). Xylocopa violácea (abelha carpinteira) forrageando em Coleus barbatus (Boldo de Jardim)
Jasmim amarelo (Jasminum nudiflorum Lindl). Gilbardeira de Jardim (Ruscus hypophylium)
Estreleira-amarela (Euryops chrysanthemoides). Exemplo do itinerário no Wikiloc com alguns pontos associados.
Ao longo do itinerário efetuado constatou-se a motivação e o interesse manifestado pelos alunos na descoberta das espécies do recinto escolar aplicando as tecnologias digitais. Potencializando essas ferramentas digitais, após a saída, os alunos em contexto de sala de aula, irão investigar posteriormente as observações efetuadas, podendo descrever as caraterísticas das espécies observadas do local, identificando as espécies invasoras, o impacto ambiental delas, ou a utilidade e fins medicinais de algumas plantas, promovendo-se uma aprendizagem criativa com base nas evidências encontradas.
Todavia, há necessidade de uma reflexão e uma ação por parte dos professores e técnicos de educação com atividades ao ar livre para avaliarem de forma critica a utilização das tecnologias digitais fora da sala de aula, nas saídas de campo, em ambientes mais naturais, considerando as condições da sua utilização e gestão. A esse respeito, vários autores (Hills, Kraalingen & Thomas, 2023) mencionam algumas preocupações com o impacto negativo que as tecnologias digitais podem trazer nas experiências ao ar livre, discutindo a exclusão e inclusão da tecnologia digital, nomeadamente desviando os alunos da experiência experiencial e sensorial na aprendizagem, podendo desconectar os alunos/pessoas da sua ligação com o ambiente envolvente.
Em última análise, o conhecimento das caraterísticas dos alunos, os recursos disponíveis e uma gestão adequada por parte dos educadores podem assegurar conteúdos relevantes, proporcionando uma aprendizagem significativa e inovadora.
O desafio da introdução das tecnologias digitais ao serviço da educação, utilizando os dispositivos móveis com aplicações digitais, está lançado. Há, no entanto, a necessidade de se aumentar a conectividade com conteúdos relevantes controlados pedagogicamente, proporcionar mais formação de professores para as competências digitais e de campo com um acesso à Tecnologia, como um bem público, de acesso livre e global.
A experiência da ação desenvolvida pela LPN com o recurso às tecnologias digitais através dos dispositivos móveis, na Escola Básica Eugénio dos Santos, permitiu inferir que bem utilizadas as ferramentas digitais contribuem para uma aprendizagem criativa, motivadora para o conhecimento da biodiversidade e geodiversidade local.
Mapa com o itinerário efetuado na Escola Básica Eugénio dos Santos.
Se deseja receber informação atualizada sobre a LPN, por favor insira o seu email:
© 2018 Liga para a Protecção da Natureza.
Powered by bluesoft.pt