Setúbal e a cadeia da Arrábida, apresenta-nos uma geodiversidade numa escala temporal, que ultrapassa a génese da humanidade e que foi aflorada através de uma ação de formação para professores organizada pela LPN, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, da Associação Baía de Setúbal e do projeto Mares Circulares. possibilitando conhecer melhor o seu património geológico e cultural.
Orientada pelo professor Paulo Caetano do Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia, a ação de formação de saída de campo, viajou pelos “degraus” do tempo geológico, acompanhando as variações climáticas e as variações dos ambientes sedimentares, no mais elegante exemplo da tectónica Alpina.
A exemplo da ação realizada no ano passado, a LPN, no dia 6 de julho, organizou uma ação de formação de saída de campo para professores na Arrábida, guiada pelo professor Paulo Caetano.
A saída de campo inserida no plano de atividades de Educação Ambiental do Programa Bandeira Azul e com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, da Associação Baía de Setúbal e do projeto Mares Circulares, teve início em Casais da Serra e contou com a participação de vários de professores de diferentes disciplinas que tiveram a oportunidade de conhecer com “um outro olhar” a Arrábida, permitindo atualizar conhecimentos para o incremento de atividades e saídas de campo com os seus alunos.
Estas ações de enquadramento e descrição de potenciais locais para a realização de saídas de campo por parte dos professores na Arrábida, têm sido objeto de manifestação de interesse por parte dos professores pois visam aprofundar o conhecimento sobre a Geologia e Ambiente da Arrábida e colmatar alguma insegurança científica que eventualmente possa existir.
Nesse âmbito, após um enquadramento teórico da Geologia da Arrábida efetuada em Casais da Serra, pelo professor Paulo Caetano, efetuou-se uma visita guiada, tendo sido dado a conhecer alguns locais de interesse patrimonial, científico e didático, como por exemplo, o eixo do Anticlinal do Formosinho, a Pedreira do Jaspe – Brecha da Arrábida e o Miradouro do Portinho da Arrábida.
Seguidamente efetuou-se uma paragem evidenciando um excelente afloramento de estruturas de deformação – dobras e cavalgamentos resultantes das forças dinâmicas do planeta, como consequência da colisão das placas Africana e Euro-Asiática.
Descrição da Tectónica e Geomorfologia da Arrábida pelo professor Paulo Caetano no eixo do anticlinal do Formosinho.
Afloramento evidenciando um dobramento das camadas.
O Professor Paulo Caetano ia-nos transportando pelos degraus do tempo geológico, acompanhando as variações climáticas, dos ambientes sedimentares e do conhecimento da tectónica da Arrábida.
Na “Pedreira do Jaspe”, local icónico que constituiu uma das causas primeiras da constituição da LPN, junto à mata do solitário, o Sol projetava nesse dia a sua luz brilhante, iluminando o tipo litológico único - a “Brecha da Arrábida”, que na Pedreira do Jaspe foi explorada para fins ornamentais. Trata-se de um local com elevado valor pedagógico derivado dos variados aspetos de natureza geológica observáveis, para além de se disfrutar para oeste de uma privilegiada vista da serra do Risco, a escarpa carbonatada mais elevada da Europa. Encerrada desde a criação do Parque Natural da Arrábida a “Pedreira do Jaspe”, é no entanto, um recurso cultural vivo que importa preservar e melhorar.
Com a vista para o Píncaro, o ponto mais alto da serra do Risco e após um enquadramento teórico efetuado, caraterizou-se a importância da Brecha da Arrábida como valor pedagógico e dos recursos geológicos em Portugal,
Enquadramento da serra do risco e explicação do levantamento – inversão tectónica da serra da Arrábida pelo professor Paulo Caetano.
Descrição das pedreiras existentes na Arrábida, designadamente da Pedreira do Jaspe. Descrição da importância histórica e relevância arquitetónica das aplicações da Brecha da Arrábida, aliadas aos valores geológicos, culturais e pedagógicos que foram fatores determinantes para a sua aprovação como “Pedra Património Mundial”. Explicação do levantamento – inversão tectónica da serra da Arrábida pelo professor Paulo Caetano, na Pedreira do Jaspe.
A complexidade da Geologia da Arrábida atingia o seu clímax, pela capacidade de a tornar simples pelo professor Paulo Caetano aos participantes. Após a saída pela Pedreira do Jaspe chegámos à ultima paragem do percurso no miradouro de Portinho da Arrábida, onde nos deparamos com uma vista privilegiada para um mar com uma biodiversidade riquissima, classificado como Área Marinha Protegida (Parque Marinho Professor Luís Saldanha), onde a fauna e flora são condicionadas pela Geologia e Clima
No Miradouro com vista para o Portinho da Arrábida e incio da descrição e enquadramento Geológico.
Descrição da discordância angular do Portinho da Arrábida como testemunho da primeira fase de inversão tectónica da Margem Ocidental Ibérica (MOI).
Descrição pelo professor da Geologia e Tectónica da Arrábida de acordo com Paul Choffat no miradouro do Portinho da Arrábida.
A Arrábida é no seu conjunto de diversidade de processos geológicos e tectónicos nela evidenciados, com tipos litológicos únicos, associados ao património cultural e biodiversidade um reservatório de conhecimento com muitas histórias para contar, de uma riqueza excecional que importa conservar e valorizar.
A realização destas saídas de campo pela Arrábida e Setúbal, dando a conhecer alguns locais emblemáticos, permitindo a observação direta e interpretação de materiais geológicos e da geodiversidade, possibilita o reforço dos princípios e eixos temáticos da Estratégia Nacional de Educação Ambiental. É esse o pressuposto da LPN, o de promover uma participação informada e consciente, rumo a um desenvolvimento sustentável.
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