Desde a sua fundação em 1948, a LPN tem sido sinónimo de aproximação à Natureza através das suas ações de formação e educação inerentes à sua missão de Conservação da Natureza.
Face à crise ambiental, acreditamos que a compreensão do mundo através da realização de saídas de campo, em espaços mais naturais e em equipamentos de Educação Ambiental, realizadas de uma forma articulada entre as diferentes disciplinas, se tornam fundamentais para a valorização do território - eixo temático da Estratégia Nacional de Educação Ambiental.
Nesse âmbito, a LPN organizou um curso de formação contínua acreditado para efeitos de progressão na carreira docente de Professores dos Ensinos Básico e Secundário de professores com a designação de Educação Ambiental – As Saídas de Campo numa abordagem integrada e/ou Interdisciplinar disponibilizando recursos educativos e promovendo o conhecimento de locais que articulam o património natural e cultural.
Numerosas investigações demonstram que a “outdoor education”, realizada no exterior da sala de aula, no recreio, zona urbana, num equipamento cultural e educativo, ou num lugar mais natural, como uma floresta, lago, estuário, ou outros ecossitemas naturais criam uma relação de respeito e entendimento com o espaço exterior, compreendendo a necessidade da sua preservação.
As saídas de campo/atividades de trabalho de campo são consideradas um complemento educativo fundamental de várias disciplinas. Várias finalidades educativas têm sido destacadas com diversas potencialidades, desenvolvendo competências, capacidades e destrezas variadas promovendo atitudes e comportamentos pró-ambientais.
Com esses objetivos, este ano, no terceiro período letivo, a LPN reeditou a ação de formação destinada aos professores de todos os grupos disciplinares do Ensino Básico e do Secundário, acreditada pelo CCPFC – Conselho Científico Pedagógico de Formação Contínua com a designação de Educação Ambiental – As saídas de Campo numa abordagem Integrada e/ou Interdisciplinar que contou com a participação dos formadores António Almeida da Escola Superior de Educação de Lisboa e Jorge Fernandes da LPN.
Embora na sua maioria, os professores participantes fossem dos grupos disciplinares das áreas de Ciências Naturais e Geografia, diferentes áreas disciplinares foram articuladas, divulgando-se o património cultural e natural na região de Lisboa e abordando os princípios metodológicos associados às saídas e atividades de trabalho de campo.
A ação em formato e-learning, abordou nas primeiras duas sessões o enquadramento histórico da Educação Ambiental com destaque para a origem e função de diferentes ONGA`S, nomeadamente da LPN. O papel que as diferentes disciplinas e áreas curriculares podem ter em Educação Ambiental, uma abordagem de um conjunto de recomendações de carácter organizativo e didático, com destaque para a construção de guiões e roteiros de exploração de locais com diferentes características, apresentação do enquadramento natural e cultural de alguns percursos a realizar. Levantamento e discussão de potencialidades dos locais/percursos a efetuar.
Após as sessões teóricas realizaram-se saídas de campo, respetivamente no Estuário do Tejo – Parque Tejo, Fábrica da Água de Beirolas (Estação De Tratamento de Águas), Parque Florestal do Monsanto, percurso dos lagos de Monserrate, Campo de Lapiás da Granja de Serrões e Penedo do Lexim.
A primeira saída de campo realizada na cidade de Lisboa, iniciou-se no Parque Tejo, junto à ponte Vasco da Gama. Na zona ribeirinha do Parque das nações destacou-se o estuário do tejo, palco de acontecimentos que marcaram a História de Humanidade e que importa preservar, destacando-se a fauna e flora dos sapais e sua importância.
Foram abordados temas como a importância dos sapais e razos de mar Estuário do Tejo, para a importância que constituem, os sapais e razos de maré desempenhando um papel regulador do ciclo hidrológico, observando e descrevendo-se, junto à margem do rio, a fauna, flora e a Geologia.
Saída no Estuário do Tejo, no Parque Tejo, junto à ponte Vasco da Gama. Exemplo de uma poliqueta (classe de anelídeo aquático) no parque Tejo.
Observação da flora, fauna e fósseis na zona de entre marés no Estuário do Tejo - Parque Tejo. Conchas mineralizadas de turritelas (recristalizadas em calcite) – Parque Tejo - Junto à ponte Vasco da Gama – Lisboa.
Seguidamente, após ter-se salientado o facto dos sapais serem ecossistemas muito frágeis, encontrando-se muito ameaçados a nível global, dirigimo-nos á Fabrica das Águas de Beirolas, onde nos aguardava a Sara Duarte da direção de Comunicação e Desenvolvimento das Águas do Tejo Atlântico, no Centro de Educação Ambiental do Tejo Atlântico, um Equipamento de Educação Ambiental para a Sustentabilidade para a receção e acolhimento de visitantes na Fábrica da Água de Beirolas.
É inegável a importância que constitui delegar a dinamização de algumas saídas de campo/visitas de estudo num guia, mas nem sempre, infelizmente, os bons guias/dinamizadores estão longe de se revelar as pessoas melhor preparadas para divulgarem os equipamentos, este não é o caso da Sara Duarte, que não é uma simples narradora descritiva dos equipamentos, mas sim uma orientadora que nos revelou o funcionamento das Estações de Tratamento de Águas e a relação com a eficiência hídrica, o uso racional e eficiente da água, combatendo situações de seca frequentes e os efeitos das Alterações Climáticas, contribuindo para a Economia Circular.
Tratou-se de uma visita para que mais tarde, eventualmente, os professores utilizem este equipamento de educação ambiental como um recurso educativo de Educação Ambiental para a conservação e preservação dos recursos hídricos da região.
Apresentação por Sara Duarte (Direção de Comunicação e Desenvolvimento das Águas do Tejo Atlântico) no Centro de Educação Ambiental do Tejo Atlântico (Fábrica de Água de Beirolas).
Apresentação por Sara Duarte (Direção de Comunicação e Desenvolvimento das Águas do Tejo Atlântico) na Fábrica de Água de Beirolas.
Apresentação por Sara Duarte (Direção de Comunicação e Desenvolvimento das Águas do Tejo Atlântico) na Fábrica de Água de Beirolas.
Após a visita à Fábrica da Água de Beirolas, durante a tarde, os professores efetuaram um peddy-paper no Parque Florestal do Monsanto, caminhando e respondendo a questões sobre a história, geodiversidade e biodiversidade do Parque Florestal do Monsanto com início no Parque do Calhau e fim no Parque da Serafina.
Mais tarde, numa outra saída de campo efetuou-se uma saída na região de Sintra-Mafra. Na parte da manhã, efetuou-se o percurso no parque Natural de Sintra- Cascais, nos lagos em Monserrate. Realizando um pequeno percurso pedestre, autonomamente, em grupo, os professores munidos tanto de um guião em papel como em formato digital, com recurso às aplicações digitais e ás informações disponibilizadas nos painéis informativos responderam a várias questões sobre a história, biodiversidade e geodiversidade da serra de Sintra. Esta também poderá ser uma atividade, que mais tarde, os professores podem efetuar num saída de campo, aproveitando as informações disponibilizadas pelos painéis informativos convidando os seus alunos à sua leitura através de questões que os levem a descobrir as respostas nos painéis.
Após a visita aos lagos de Monserrate, da parte da tarde começava um novo capítulo da nossa viagem de descoberta dos valores naturais do Parque Natural de Sintra-Cascais., concretamente o campo de lapiás da Granja dos Serrões, Aí mergulhou-se por um caminho labiríntico de estranhas e curiosas estruturas calcárias formando aquilo que se designa por um campo de Lapiás. Os campos de Lapiás são formações típicas de relevos cársicos, produzidas pela dissolução de rochas calcárias ou dolomíticas. Algumas tinham mais de dois metros de altura e estima-se que foram formadas há cerca de 80 mil anos pela ação da água rica em dióxido de carbono. Ao longo do percurso identificando e referenciou-se a importância das espécies autóctones, como o carvalho cerquinho e o carrasco. Com o auxílio das aplicações móveis os professores identificaram descobrindo outras espécies caraterísticas da flora da região.
Quando saímos do Campo de Lapiás da Granja dos Serrões, passando pela zona de exploração e transformação dos calcários, que servem como matéria prima para revestimentos, cantarias e rochas ornamentais, pelo caminho, mais próximo do nosso destino, o Penedo do Lexim, começamos a observar várias elevações topográficas que correspondem a antigas chaminés vulcânicas magmáticas pertencentes ao Complexo Vulcânicos de Lisboa-Mafra, sendo testemunhos de um importante episódio magmático ocorrido no Cretácico Superior que intruíu os calcários e margas.
Chegados junto ao penedo do Lexim, que ocupa uma posição de destaque na região, efetuámos um pequeno percurso pedestre rodeados pelas vinhas do conceituado vinho de Cheleiros, e de um rico coberto vegetal com várias espécies autóctones e imensos líquenes epífitos fruticulosos (indicadores de boa qualidade do ar) até observarmos a estrutura, que tem a particularidade de ser constituída por filas de prismas de basalto, designadas por disjunções prismáticas. O seu valor é inegável, de tal forma que, se há alguns anos era explorada pela indústria extrativa, atualmente é caraterizado por ser Imóvel de Interesse Público e Geossítio.
Numa clara relação entre a Natureza e os seres humanos, constatou-se a fortificação natural que constitui o Penedo do Lexim, constituindo-se como um exemplo das primeiras arquitecturas defensivas que surgem do 3º milénio a.C na Península Ibérica, servindo para instalação de um povoado do Calcolítico que ali deixou vestígios da sua atividade e onde, também foram encontrados vestígios de ocupação humana desde o Neolítico final/Calcolítico incial ao período Romano.
Junto à Disjunção prismática do Penedo do Lexim (Mafra).
No cimo do Penedo do Lexim (Mafra)
Ali, os formandos desde o sopé, não resistiram a subir o Penedo do Lexim, e lá de cima obervaram uma imensa paisagem da região desde o palácio de Mafra até ao litoral de Sintra- Cascais.
Todos esses locais visitados constituem valores científicos, didáticos e pedagógicos que importa salvaguardar e valorizar. Esta formação partindo das vivências profissionais dos docentes, procurou incentivar a criatividade dos docentes na produção de atividades mais ricas e adequadas aos seus alunos. Através da aquisição e melhoria de competências que permitam aos professores elaborar guiões e roteiros de exploração de locais diversos na região das escolas, estimularam-se abordagens de natureza interdisciplinar e multidisciplinar em consonância com a Estratégia Nacional de Educação Ambiental e Estratégia da Conservação da Natureza e Biodiversidade 2030, para que o património natural e cultural possa continuar a ser usufruído por todos nós e pelas futuras gerações.
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