Caminhar em comunhão com a Natureza com o Agrupamento de Escolas da Venda do Pinheiro

No âmbito do Projeto Despertar para a Natureza promovido pela LPN, com o apoio da EPAL, realizou-se uma saída de campo com professores e alunos do 8º e 9º ano do Agrupamento de Escolas da Venda do Pinheiro.

 

Viajando pelo território de Mafra e Norte de Sintra, caminhou-se à descoberta da muralha fortificada do Geossítio do Penedo do Lexim, até à Cascata de Anços.

 

Com a orientação do professor destacado na LPN e professora Teresa Loureiro da Escola Básica da Venda do Pinheiro os alunos e professores iniciaram a caminhada até ao primeiro ponto de paragem – o Penedo do Lexim, através de uma ligeira subida entre os zambujeiros, pastos e campos agrícolas de Cheleiros. Pelo caminho, até à chaminé magmática que constitui o Penedo do Lexim, o professor destacado ia identificando e descrevendo a flora da região onde em redor se salientavam os cabeços do Funchal, Cheleiros, de Alcainça e da Jarmeleira, vestígios remotos referentes ao ciclo magmático de natureza alcalina do Cretácico Superior ocorrido na região de Lisboa há 70/2 milhões de anos.

 

Caminhada até ao Penedo do Lexim

 

 

Chegados ao Penedo do Lexim a nossa sensação de bem estar foi ainda mais melhorada, através da realização de atividades de meditação e de Yoga, com a orientação da professora Teresa Loureiro. Entretanto, os alunos reparavam nos prismas dominantemente pentagonais da rocha e na sua textura. À medida que se ia apercebendo da mensagem que aquele local emanava, o professor Jorge Fernandes salientava os estudos efetuados (Brilha, J,1998) que conferem caraterísticas peculiares à disjunção prismática do Lexim. Essas colunas distinguem-se dos prismas ocorrentes em escoadas subaéreas e demonstram que esta chaminé magmática terá tido origem a cerca de 2000 m de profundidade.

 

 

Atividades de meditação, de trabalho do corpo e mente através do Yoga.

 

 

 

 

Após termos trabalhado a mente e o corpo com os exercícios, técnicas e posturas do Yoga, para melhoria da resistência e fortalecimento dos músculos, para além da transmissão da energia que o local contém, estávamos mais preparados para o percurso que nos esperava, inicialmente até à Aldeia da Mata Pequena.

 

Chegados à Aldeia da Mata Pequena fomos “transportados” para o passado numa pequena aldeia rural, localizada entre Mafra e Lisboa, que foi completamente restaurada em perfeita sintonia com a natureza.

 

Após a visita à Aldeia da Mata Pequena partimos para a queda de água da cascata de Anços. Entrámos na floresta com um sorriso nos lábios, com os professores à frente, por um túnel de vegetação. Ia-se descendo encaminhando o grupo por entre as árvores, na sua maioria de Carvalho-português cheias de briófitas (musgo )e líquenes. Pelo caminho, salientava-se a importância dessas árvores pois o Carvalho-português é uma espécie que assume um papel muito importante na conservação dos solos, da biodiversidade e que infelizmente sofreu um grande declínio em Portugal no século XX. A forma dos ramos dessas árvores era como um cenário de um conto e pelos densos matagais caminhávamos para a nossa queda de água que nos esperava a cerca de 5 a 6 km.

 

À medida que seguíamos o percurso do rio, seguindo a margem, com os salgueiros a rodear-nos, procurávamos descobrir um lugar de passagem para a outra margem, em busca de um local em que o rio não fosse tão fundo e largo… passado algum tempo lá encontrámos uns afloramentos rochosos que talvez possibilitassem a transposição para a outra margem.

 

Tínhamos o desafio de atravessá-la para a outra margem. Para isso era inevitável de passar a linha de água descalçando os ténis ou as botas até porque a profundidade e o caudal ainda era grande.

 

 

 

 

A ribeira tinha uma profundidade que tornava inevitável molharmo-nos um pouco, mas isso tornava ainda mais “refrescante” a caminhada. Alguns alunos com os sapatos já molhados, trepavam pelas rochas, com algum equilíbrio, para não se molharem, mas ajudados pelos professores e colegas todos superaram os obstáculos.

 

Caminhávamos com a luz que iluminava os nossos passos e as plantas. Observávamos as árvores que comunicavam entre si, onde os seus ramos serviam de poiso à trajetória das aves e ao alto cruzávamo-nos por vezes com uma Águia de Asa Redonda que nos circundava, em uma aliança com o mundo natural.

 

Embora não víssemos o rio, a água afluía no nosso pensamento, até que depois de termos passado por caminhos agrícolas chegámos onde a água ainda escorria sinuosamente e vigorosamente.

 

Após essa aventura e alguns quilómetros percorridos esgueirando-nos entre os rochedos deparamo-nos com a cascata de Anços, que está enquadrada numa paisagem de indescritível beleza, rodeada de bosques e fragas, num autêntico recanto natural.

 

 

Chegada à Cascata de Mourão (Anços).

 

 

Exuberante, a cascata de Anços, entre as e rochas magmáticas e perto do contacto com rochas calcárias, rompe-se de repente na natureza sendo o local perfeito para nos oferecer o descanso e abrigo para o nosso almoço. Após essa paragem e com as energias repostas havia uma subida a fazer, por fim emergimos acima do vale vertiginoso para subirmos, de novo até ao Penedo do Lexim atravessando uma mata densa de Carvalho Cerquinho.

 

 

Subida até ao penedo do Lexim.

 

 

Por fim, chegámos ao Penedo do Lexim, cansados, mas contentes e felizes, por termos resolvido desafios, conhecendo e vivenciando os locais. Caminhámos cerca de 12 km, por montes e vales em comunhão com a natureza. Ao receber a natureza ganha-se uma cultura de lugar. E ganhar uma cultura de lugar é sentir-se numa comunidade que sente, respeita a Natureza, conservando-a.

 

É mais uma vez o espírito do Projeto Despertar para a Natureza que a Escola Básica de Venda do Pinheiro partilhou nesta saída de campo com a LPN.

Subscreva a
nossa Newsletter

Se deseja receber informação atualizada sobre a LPN, por favor insira o seu email:

© 2018 Liga para a Protecção da Natureza.

Powered by bluesoft.pt