Conhecer a geodiversidade e biodiversidade da região de Sintra e as possibilidades de ação educativa em ambiente “outdoor”, foram as propostas que o Agrupamento de Escolas de Alto dos Moinhos solicitaram à LPN. Durante dois dias, os professores e educadores visitaram e realizaram atividades de trabalho de campo em vários locais da região, vivenciando-os, no sentido de despertar nos seus alunos, a importância para a sua proteção e valorização.
Na sequência de um convite à LPN por parte da educadora Noémia Marques do Agrupamento de Escolas Alto dos Moinhos - Terrugem, no âmbito das atividades do Clube de Ciência Viva - Guardiões da Natureza, os educadores e professores tiveram uma formação com a orientação do professor destacado na LPN - Jorge Fernandes em diversos locais da região de Sintra- Mafra.
A região onde está situado o Agrupamento de Escolas Alto dos Moinhos, junto ao Parque Natural de Sintra-Cascais, possui uma paisagem rica, onde a diversidade climática e a composição geológica possibilitam uma biodiversidade que se reflete nos ecossistemas, apresentando um património inigualável do ponto de vista cultural, social e ambiental.
Nesse contexto, numa paisagem que é classificada como Património Mundial pela UNESCO, foi dada a conhecer em dois dias, em duas visitas, a vários locais da região, constituindo-se como abordagens pedagógicas que os docentes poderão implementar em contexto “outdoor”, possibilitando o contacto com ambientes mais naturais, podendo posteriormente utilizar em contexto de sala de aula.
Com o transporte gentilmente assegurado pela União de Freguesias de S. João das Lampas e Terrugem, o professor destacado fez uma apresentação das ações que a LPN tem desenvolvido ao longo dos seus 75 anos e um enquadramento da região a visitar.
Inicialmente, percorreu-se a Plataforma de S. João das Lampas, visitando-se a praia do Magoito, na orla marítima com arribas altas que apresentam um elevado valor florístico. Inseridas no Parque-Natural Sintra- Cascais e na Rede Natura 2000 e com ocorrências naturais de geodiversidade, como seja o caso da Duna Consolidada ou Paleoduna da praia do Magoito, classificada como Geossítio.
Após uma caraterização desse Geossítio da referência a algumas espécies invasoras detetadas na zona e do impacte ambiental resultante das atividades humanas na região, a próxima paragem foi o Parque de Monserrate, onde os docentes foram recebidos pela excelente orientação da Rita Alves - Técnica do Parques de Sintra Monte da Lua (PSML). Aí os docentes conheceram de mais perto a serra de Sintra, desde a sua formação geológica até à atualidade, contactando e identificando-se algumas espécies emblemáticas existentes na exuberante vegetação do Parque de Monserrate.
Parque de Monserrate – orientação pela técnica Rita Alves do PSML
Parque de Monserrate – identificação e caraterização do Teixo (Taxus bacaata)
Feto dos Carvalhos (Davalia canariensis) Espécie relíquia - Parque de Monserrate
Seguidamente, dirigimo-nos para o Centro de Interpretação da Natureza, instalado num edifício de arquitetura singular e com um enquadramento perfeito na paisagem envolvente, que data de 1920 e que foi atelier de pintura de Sir Francis Cook, bisneto do 1º Visconde de Monserrate.
Trata-se de um espaço que tem como objetivo com recurso a ferramentas digitais e com uma abordagem inovadora de promover o contacto com a natureza, a sensibilização ambiental e o conhecimento sobre a fauna e a flora presentes nos ecossistemas únicos que caracterizam a Serra de Sintra.
Com um aquaterrário que retrata um ecossistema ribeirinho do parque Natural de Sintra Cascais, tenta-se descobrir alguns dos animais que vivem nas ribeiras da serra, por entre pedras e vegetação – sendo que algumas espécies estão ameaçadas… como a espécie endémica - a boga-portuguesa. Saliente-se também um modelo de um carvalho-português onde se explica a biologia da árvore e a sua importância.
Com a orientação motivadora da técnica Rita Alves do PSML, os docentes realizaram diversas atividades demonstrativas, para poderem ser utilizadas com os alunos de diversas faixas etárias. No final todos concluíram que se trata de um excelente equipamento de educação ambiental que poderão utilizar no futuro, no âmbito da sua atividade letiva.
Centro de Interpretação da Natureza de Monserrate.
Realização de atividades no Centro de Interpretação de Monserrate com caraterização de espécies emblemáticas da fauna da serra de Sintra.
Após a visita ao equipamento e almoço no parque de Monserrate dirigimo-nos em frente, para a vertente norte da serra de Sintra, onde os docentes efetuaram um pequeno percurso circular imediatamente acima do parque de merendas que circunda os lagos de Monserrate. Aí os docentes com a orientação do professor destacado responderam a questões sobre o enquadramento natural da serra de Sintra, recorrendo a um guião previamente fornecido. Esse guião apresentava uma série de questões com base na informação que pode ser consultada nos painéis interpretativos existentes ao longo da rota e sinalizada por setas de madeira. A utilização de painéis interpretativos não só tem um papel essencial na promoção da literacia científica, como constituem recursos para o desenvolvimento de ações de educação ambiental, contribuindo para a valorização do património natural. Para além dos painéis interpretativos, o guião referenciava a existência das esculturas ao longo do percurso efetuadas pela artista Nansi Hemming que esculpiu uma corça, um urso e dois lobos feitos em madeira de cipreste, proveniente de árvores tombadas nos temporais de 2012 e 2013, colocados em diversos locais á volta dos lagos.
Orientação pelo professor destacado na LPN no percurso dos Lagos de Monserrate
Por questões logísticas após o percurso dos lagos de Monserrate, no primeiro dia, fez-se o enquadramento e caraterização do Penedo do Lexim (Imóvel de Interesse Público) e da sua chaminé magmática, situado já no concelho de Mafra, enquanto no outro dia, efetuou-se um pequeno no percurso do Geossítio da Granja dos Serrões-Negrais, um fantástico campo de lapiás, caraterizando-se a formação das suas esculturas rochosas e a vegetação caraterística das áreas calcárias.
Enquadramento natural pelo professor destacado no Campo de lapiás da Granja dos Serrões.
Face ao aumento que se regista de populações ao nível Mundial a viver em ambiente urbano e aos novos desafios que a sociedade e a tecnociência trazem às Escola, nomeadamente, com a artificialização da natureza, cabe às Escolas terem um papel no desenvolvimento de ações que possibilitem aos alunos oportunidades de experienciar uma vasta gama de ambientes naturais, de promover uma maior conexão com a Natureza.
Nesse âmbito, a realização destas ações de formação que permitam aos docentes a realização de atividades com os seus alunos em contexto “outdoor”, em ambientes mais naturais, possibilitam enormes benefícios educativos, de saúde, culturais e sociais. A iniciativa de realizar estas formações de saídas de campo enquadradas no Projeto de Ciência Viva da escola, tendo em vista o incremento de ações na região ao redor da escola por parte dos docentes do Agrupamento de Escolas do Alto dos Moinhos constitui assim um enorme potencial para inspirar e entusiasmar os seus alunos para conhecerem e protegerem a Natureza.
Penedo do Lexim.
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