“Conversas à volta da Lagoa de Óbidos” na Casa-Museu Dr. Jaime Umbelino. Fotografia de Daniel Rabiais.
A convite da Junta de Freguesia da Foz do Arelho, no dia 23 de junho o Centro de Interpretação para a Lagoa de Óbidos promoveu a iniciativa “Conversas à volta da Lagoa de Óbidos”.
O local escolhido foi o jardim da recém-inaugurada Casa-Museu Dr. Jaime Umbelino, outrora conhecida como Casal da Barroca, onde em tantos outros fins de tarde várias pessoas se reuniam para tertúlias à volta da Lagoa de Óbidos.
Neste domingo, o passado repetiu-se, mas com início numa nova história, a do Centro de Interpretação para a Lagoa de Óbidos – um projeto que surge da iniciativa e do empenho da comunidade local pela salvaguarda e divulgação do património histórico-cultural e natural da Lagoa de Óbidos.
Lugar de paisagens únicas, à beira da serra e do mar, a Lagoa de Óbidos conta-nos muitas histórias...
Por ali passaram reis, aterraram espiões em tempo de guerra e naufragaram navios que queriam dar a volta ao mundo.
Falam-nos em homens marinhos, testemunharam-se milagres em dias de infernais tempestades e contam-se histórias de piratas e dos seus saques!
Ali, as romarias convivem com desporto, poesia e ciência, que têm colocado a Lagoa de Óbidos e Portugal na boca do mundo.
Mas, de todas, talvez a sua mais bela história seja a da sobrevivência, de dependência entre pessoas e natureza.
E foi justamente este riquíssimo património que esteve na base das histórias e das conversas partilhadas pelo grupo de mais de 30 pessoas que ali se juntou.
Sr. Maximino Martins partilhando algumas das suas muitas histórias sobre a Lagoa de Óbidos.
Naquele jardim, recordámos o inverno em que chegaram à Lagoa de Óbidos dois barcos moliceiros vindos de Aveiro, que ali procuravam águas mais calmas para a pesca e para a apanha de limos. Falou-se do aparecimento das primeiras bateiras, embarcações típicas daquele local, e, mais tarde, dos primeiros barcos a motor.
Lembrámos os tempos da apanha de limos, das salinas e do tratamento de troncos de pinheiro soterrados e imersos nas areias e águas da lagoa.
Recordaram-se as lavadeiras e as brincadeiras de criança nas ribeiras e rios em torno da lagoa.
Lembrámos pescarias e as caçadas de D. Carlos I, pai da Oceanografia Portuguesa.
Debateu-se a dinâmica da lagoa, o seu assoreamento e a abertura da ligação ao mar, histórica e atual.
Denunciou-se a erosão das margens e a reconversão da paisagem envolvente, com inúmeras plantações de eucalipto e invasão por outras espécies exóticas.
Apelou-se ao esforço para classificação da Lagoa de Óbidos como área protegida e a novas iniciativas para a preservação da sua biodiversidade.
Partilharam-se ideias sobre a gestão e preocupações sobre o que o futuro reserva para este ecossistema costeiro.
Com muita leveza, aproximou-se o fim do dia. E, com ele, uma certeza – a Lagoa de Óbidos continua viva e resiliente, na voz mas também nas mãos daqueles que ali cresceram, daqueles que dela tiram o seu sustento e dos que nas suas inspiradoras paisagens encontram um porto de abrigo.
Esta iniciativa integra-se na Comemoração do Centenário da Freguesia da Foz do Arelho, freguesia que em breve acolherá o espaço físico do Centro de Interpretação para a Lagoa de Óbidos.
Para além da LPN, do Conselho da Cidade e do município das Caldas da Rainha, parceiros neste projeto do Orçamento Participativo Portugal, participaram nesta iniciativa a Junta de Freguesia da Foz do Arelho, a Lindomar, a APMALO, vários focenses e muitos outros amigos da Lagoa de Óbidos.
A todos eles, a LPN agradece pelas partilhas que trouxeram a este encontro.
Para mais informações sobre o Centro de Interpretação para a Lagoa de Óbidos, clique aqui.
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