O contacto e experiências na natureza deve ser uma dimensão fundamental da Educação Ambiental. Esse contacto e experiências na Natureza pode ser fomentado pelos professores através de aulas/saídas de campo.
Nesta nossa viagem de promover o ar livre e de aprender com a Natureza, a LPN através do Projeto Despertar para a Natureza realizou mais uma ação de saída de campo, com que teve a participação de alunos do 6º ano e professores do Agrupamento de Escolas da Venda do Pinheiro.
No âmbito do Projeto Despertar para a Natureza, em parceria com a EPAL, os alunos do 6.º ano embarcaram numa emocionante saída de campo com o desafio de um percurso pedestre de cerca de 10 km, aproximadamente, para explorar dois tesouros naturais da região de Sintra e Mafra: a Cascata de Anços, e o imponente Penedo do Lexim. O objetivo era conhecer a biodiversidade, a geologia e a história destes locais, unindo aprendizagem, aventura e respeito pelo ambiente.
A jornada começou na aldeia típica da Mata Pequena, uma aldeia com uma dúzia de habitações, onde ainda se vive em comunhão com a natureza e se respira A pacatez e autenticidade. Após o enquadramento da região e do percurso que se iria efetuar e debateu-se a importância de preservar o ambiente da região.
Com a orientação da professora Teresa Loureiro destacada na Direção Geral de Educação - professora da Escola Básica da Venda do Pinheiro e do professor destacado na LPN – Jorge Fernandes, os alunos iniciaram a caminhada através de uma ligeira descida junto a um ribeiro. que nos abraçava como um amigo, dando vida à floresta que nos encantava.
Explicação pela professora Teresa Loureiro da importância de se preservar o ambiente da região e efetuando o seu enquadramento.
Entrámos na floresta atravessando túneis de vegetação, na sua maioria de Carvalho Português cheios de briófitas (musgos) e líquenes. Pelo caminho salientava-se a importância dessas árvores, que assumem um papel muito importante na conservação dos solos, enriquecendo-o de biodiversidade, mas que sofreu um grande declínio em Portugal no século XX. A forma dos ramos dessas árvores era como um cenário de um conto e pelos densos matagais caminhávamos para a nossa queda de água que nos esperava a cerca de 5 km…
Percurso até cascata de Anços.
Quando chegámos às imediações da povoação de Cheleiros, junto ao rio Lisandro, seguindo a sua margem direita, com os salgueiros a rodear-nos, o professor Jorge Fernandes salientou a importância que essas árvores têm na manutenção do leito do rio, de se constituir como fonte de alimento para muitas espécies de borboletas, fornecendo néctar e pólen cedo no ano para além do seu valor medicinal e artesanal. À medida que efetuávamos o percurso procurávamos descobrir um lugar de passagem para a outra margem, em busca de um local em que o rio não fosse tão fundo e largo… passado algum tempo lá encontrámos os afloramentos rochosos que nos permitiu com alguma aventura e desafio à mistura transpor-nos para a outra margem. Apesar do caudal ainda ser grande lá se conseguiu passar com a ajuda dos professores e se superou esse obstáculo natural.
Passagem para a outra margem do Rio Lisandro.
Caminhávamos com a luz que iluminava os nossos passos e as plantas. A professora Teresa Loureiro caminhava sempre com uma grande energia dando alento aos alunos. Observávamos as árvores tentando entender a sua linguagem, onde por entre os seus ramos avistávamos algumas aves e lá ao fundo cruzávamo-nos, por vezes, com um Águia de Asa Redonda que nos circundava, numa aliança com o mundo natural.
Embora ainda não se avistasse a cascata já sentíamos o som da água a bater nas rochas e a água afluía ao nosso pensamento, até que depois de termos passado por caminhos agrícolas e por um trilho que descia chegámos onde a água ainda escorria sinuosamente e vigorosamente.
Pela paisagem verdejante e alguns quilómetros percorridos, esgueirando-nos entre os rochedos deparámo-nos com a cascata de Anços, que se encontra enquadrada numa paisagem de indescritível beleza, rodeada de bosques e fragas, num autêntico recanto natural. Aí os professores explicaram como a água moldou as rochas ao longo de milhares de anos, criando a cascata.
Junto ao contacto entre as rochas magmáticas e as rochas calcárias rompe-se de repente a cascata de Anços na natureza, sendo o local perfeito para oferecer o descanso e servir de almoço para recuperarmos as energias para a subida que iríamos enfrentar, acima do vale vertiginoso até ao Penedo do Lexim.
Almoço na cascata de Anços.
Seguindo em direção ao Penedo do Lexim, uma formação rochosa impressionante que se destaca e lembra com a sua forma peculiar que em tempos geológicos se deram episódios vulcânicos na região de Lisboa-Mafra- Torres Vedras (Runa).
A caminhada era uma subida com alguma inclinação rodeados por um lindo Carvalhal em que a Geologia e o enquadramento da flora serviu de nosso combustível. Entre as veredas rodeadas de carrasco – (Quercus coccifera), Zambujeiros (Olea Olea europaea var. sylvestris) enrolados pela Salsaparrilha brava (Smilax aspera) chegámos junto à chaminé de um vulcão cuja atividade foi interrompida há milhões de anos, mas que deixou o seu vestígio, na disjunção prismática do basalto coberta de musgos e líquenes, nos solos férteis.
No Penedo do Lexim, classificado como Geossítio e como Imóvel de Interesse Público, encontramos uma paz neste local que o torna diferente de outras paragens. Aqui a beleza paisagística é um lugar de encontro entre a história e a natureza, numa monumentalidade natural que fez dele um povoado fortificado com ocupação humana encontrada desde o Neolítico final (4000 a.C) e onde foram encontrados diversos artefactos humanos resultantes de atividades agro-pastoris no Calcolítico.
Estávamos cansados, mas contentes e felizes, por termos resolvido desafios, conhecendo e vivenciando os locais. Caminhou-se bastante, fez-se exercício físico, por montes e vales que nos dão saúde, em comunhão com a natureza. Ao receber-se a natureza ganha-se um sentido do local. E ganhar um sentido de local é sentir-se numa comunidade que sente, respeita a Natureza, conservando-a.
Esta saída de campo foi mais do que uma aula ao ar livre: foi uma experiência que conectou os alunos à natureza e ao património local. A Cascata de Anços e o Penedo do Lexim são locais que nos mostram como a geografia, biologia, geologia e a história se entrelaçam, ensinando-nos a valorizar e preservar estas maravilhas.
Esse é um dos objetivos do Projeto Despertar a Natureza que a escola Básica Venda do Pinheiro partilhou nesta saída de campo com a LPN.
Metade do percurso efetuado (só na ida até ao Penedo do lexim) registado pela aplicação móvel.
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