Fotografia: Observação das rochas ornamentais e fósseis no adro do Convento de Jesus
As saídas de divulgação das Geociências podem ser desenvolvidas em meio urbano, constituindo um potencial para abordagens promotoras da Educação Ambiental e um contributo para o aumento do interesse e participação na Geoconservação e defesa do património Geológico.
Nesse âmbito, a LPN promoveu em julho, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, da Associação da Baía de Setúbal e do Mares Circulares, uma atividade ao ar livre através de um percurso urbano na cidade de Setúbal, proporcionando uma oportunidade de conhecer a Geodiversidade do Concelho, numa clara relação com a cultura, arquitetura e herança histórica.
A Geodiversidade urbana interage com a cultura, arquitetura e história de um local criando um “sentido de lugar”. (sense of place) e possibilitando que as populações apreciem os aspetos ecológicos de uma cidade promovendo uma participação consciente e informada para a valorização do território urbano. Considerando que ações da Geodiversidade Urbana promovem o conhecimento dos locais, investigadores da área da Educação apontam para a necessidade das pessoas desenvolverem “práticas de lugar específicas” que reflitam as relações sensitivas, percetivas e concetuais com as paisagens urbanas, contribuindo para a defesa e proteção do património natural e cultural.
Interconectando-se com a cultura, história e com uma consideração crítica das cidades, como lugares socialmente construídos, as ações de percursos urbanos ao ar livre que contemplem a Geodiversidade Urbana, têm um potencial importante na promoção do Geoturismo e de Educação Ambiental
Por outro lado, muita da Geodiversidade, incluindo elementos geológicos de importância didática, científica e cultural, que retratam os paleoambientes e a história geológica, foram já inevitavelmente perdidos. O aumento global da população em meios urbanos, o vandalismo, e, também, a falta de conhecimento contribui para que vários elementos geológicos estejam em perigo. Assim, as ações de formação e educação ambiental que contemplem a Geodiversidade Urbana relacionando os componentes abióticos com os bióticos, a cultura e o património cultural tornam-se fundamentais.
Nesse âmbito, em julho a LPN, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, da Associação Baía de Setúbal e do projeto Mares Circulares revelou a Geodiversidade na cidade de Setúbal através de uma ação de percurso pedestre, que levou cerca de duas dezenas de participantes numa caminhada de cerca de três quilómetros, com início na Praia da Saúde.
Com a orientação do professor destacado na LPN – Jorge Fernandes, a caminhada incluíu as seguintes paragens principais: Fonte Nova, Largo e Igreja de Jesus, Praça de Bocage, Largo da Misericórdia e Rua Antão Girão.
Caminhando pela cidade, nas cantarias, fachadas de prédios, monumentos, e mesmo junto aos prédios, cafés e lojas, pudemos observar fósseis de corais com 150 milhões de anos atrás, que nos transportaram para outros ambientes, de mares quentes ou do grupo de bivalves – rudistas, com aspeto muito diferente dos atuais e que se extinguiram na mesma altura em que se extinguiram a maioria dos dinossauros. Andando sobre rochas, descrevendo-se algumas delas pertencentes ao leque restrito de 32 classificadas como Pedras Património Mundial pela IUGS – International Union of Geological Sciences – UNESCO e observando aspetos ligados à construção, traduziu-se a história geológica, os diferentes ambientes e alterações climáticas ocorridos no planeta.
Pelo caminho, alguns transeuntes, curiosos, mostraram-se interessados e foram-se incorporando no percurso, permitindo-nos verificar que a Geodiversidade é um tema apelativo e que a ação estava a cumprir os objetivos de promoção da Educação Ambiental.
Setúbal apresenta uma Geodiversidade rica numa escala temporal que ultrapassa a génese da humanidade e que possibilitou conhecer melhor o seu património geológico e cultural.
A observação direta dos materiais geológicos e da Geodiversidade urbana, num contexto familiar aproxima os cidadãos ao seu ambiente local, a realização destes percursos urbanos orientados destinados à população local e jovens tornam-se estratégias educativas que vão ao encontro da Estratégia Nacional de Educação Ambiental, em especial do seu eixo temático de Valorização do Território.
(nota: Agradecemos ao professor Carlos Marques da Silva. do Departamento de Geologia da FCUL pela colaboração na identificação de alguns fósseis e pontos de interesse de Geodiversidade que enriqueceram esta ação).
A viagem pelos parques urbanos e jardins proporcionadas pelas ações de formação da LPN, embora curtas, são necessárias e ambiciosas – o de propor um diálogo de saberes para reafirmar a necessidade de geração de novas identidades mais conectadas à Natureza. Esse é um dos objetivos essenciais que procuraremos dar continuidade no futuro, através do planeamento de mais ações de formação no âmbito da geodiversidade e biodiversidade urbana, como estratégias educativas que vão ao encontro das competências explicitadas no perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória e de promoção da educação para a sustentabilidade
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