Despertar na Natureza na Tapada Nacional de Mafra

No âmbito do Projeto Despertar para a Natureza da LPN, que conta com o apoio da EPAL, a LPN através do professor destacado - Jorge Fernandes, desenvolveu ações de Educação Ambiental no âmbito da disciplina de Educação para a Cidadania da Escola Secundária José Saramago, na Tapada Nacional de Mafra.

 

Através de um percurso orientado, que passa por zonas com caraterísticas distintas: floresta mista, pinhal zonas de mato e de pastagens os alunos desenvolveram diversas atividades relacionadas com a Floresta, avaliando o estado de saúde em locais do percurso e observando animais emblemáticos da Tapada: veados, gamos e javalis, mas também aquela biodiversidade que está “escondida debaixo dos nossos pés”, no solo.

 

A pandemia surgiu da irresponsabilidade que temos perante a Natureza pelo que o desenvolvimento de atividades e percursos tendo como objeto de estudo locais mais naturais, permite uma maior conexão com a Natureza, uma maior noção de interdependência entre todos os seres vivos contribuindo para cidadãos mais ativos e responsáveis face ao ambiente.

 

Numa perspetiva ecossistémica, a saúde de uma floresta é avaliada em diferentes variáveis, como a biodiversidade, a possibilidade de fornecer serviços ecossistémicos, a capacidade de se recuperar de distúrbios e disrupções. A Tapada Nacional de Mafra é um bom exemplo de resiliência, de recuperação da Floresta após o incêndio que se deflagrou em 2003 e que afetou cerca de 70% da área da Tapada.

 

Assim a convite da professora de Ciências Físico e Químicas, professora Marília Peres, que se desenvolveram diversas atividades com base em diversos indicadores do estado de Saúde de uma Floresta, no âmbito do Projeto Despertar para a Natureza promovido pela LPN e que conta com o apoio da EPAL proporcionando o transporte para os alunos do 11º ano e professores da Escola Secundária José Saramago-Mafra.

 

A ação inseriu-se também num projeto que os alunos da professora Marília Peres estão a desenvolver na disciplina de Cidadania, tendo previamente à saída, realizado uma pesquisa sobre quais os indicadores que podem ser usados para conhecer de forma empírica a “saúde de uma Floresta”.

 

Os alunos acompanhados pelos professores efetuaram um percurso pedestre – percurso verde para observação da fauna e flora do local mas também para descreverem de forma experiencial o estado de saúde da Floresta.

 

Após uma introdução sobre a Tapada Nacional de Mafra – TNM, o professor destacado na LPN- Jorge Fernandes fez uma breve descrição geológica e geográfica realçando a importância e as funções da floresta autóctone, destacando a sua maior resiliência ao fogo e de não se descortiçar os sobreiros o que possibilita uma diminuição da intensidade dos fogos florestais.

 

Seguidamente efetuou-se  um percurso na Tapada Nacional de Mafra – percurso verde onde se identificaram e se caraterizaram algumas espécies emblemáticas da floresta.

 

Pelo caminho apreciou-se a diversidade de habitats da TNM, as diferentes espécies de fauna e flora, efetuando-se uma paragem, para se desenvolverem com recurso a metodologias ativas experienciais, diversas atividades sobre indicadores do estado de saúde desse local.

 

Escolha do local de amostragens para avaliação do estado de saúde de uma Floresta.

 

 

As atividades que têm como objetivo uma pedagogia centrada nos alunos, não descurando uma orientação por parte dos professores, tiveram uma particular incidência sobre a qualidade do solo, pois o solo é o fator do meio que permite a regeneração da Floresta e o estabelecimento da vegetação. Nesse âmbito, tendo como base as fichas efetuadas pelo professor destacado sobre os diversos indicadores da Saúde de uma Floresta caraterizou-se as propriedades do solo, como sejam: sua permeabilidade, porosidade, textura, compactação e biodiversidade, enfatizando-se atividades de descoberta de organismos no solo, nomeadamente a presença de minhocas. Para isso, utilizou-se métodos de extração das minhocas (sem as afetar), em dois locais diferentes, pois as minhocas são consideradas os “engenheiros do ecossistema”, sendo bioindicadores da fertilidade de um solo.

 

Estudo das caraterísticas e propriedades do solo.

 

 

 

Exemplificação do método de extração das minhocas.

 

 

Minhoca - Lumbricus terrestris

 

 

Seguidamente, para além da contabilização do número de organismos encontrados no solo, os alunos analisaram e recolheram dados no local escolhido de objeto de estudo na TNM, como sejam: a estratificação da Floresta, a diversidade de vida selvagem, a regeneração das plantas (através da contabilização de um número de plantas jovens), bem como a abundância e caraterização dos Líquenes.

 

Note-se que simultaneamente, à realização das atividades experimentais, no cenário do ambiente natural da TNM, se estavam a realizar filmagens de uma telenovela proporcionando ao local um ambiente cénico de maior aventura.

 

 

 

Após as atividades experimentais e de observação “in loco” continuou-se o percurso pela TNM, apreciando-se a sua diversidade biológica, a que se junta o elevado valor de conservação. Destaque por exemplo para além de podermos observar os animais e plantas mais comuns de Portugal a existência de árvores classificadas como árvores de interesse público, nomeadamente, um castanheiro-da-India, uma olaia e um sobreiro devido às suas dimensões e idade estimada.

 

 

Gamo na Tapada Nacional de Mafra.

 

 

Ao longo do percurso, para além de se realçar a importância de uma gestão sustentável do ecossistema da floresta, os alunos tiveram também a possibilidade de terem uma informação sobre a história e fauna, observando os gamos, javalis e vestígios da atividade das genetas e de outros animais bem como das estruturas (azerves) com o intuito de servir de abrigo e camuflagem na altura das caçadas na Tapada.


A realização de atividades de trabalho de campo do Projeto Despertar para Natureza, através das suas metodologias investigativas em locais que privilegiam a floresta autóctone como a Tapada Nacional de Mafra reforçam os eixos temáticos da Estratégia Nacional de Educação Ambiental potenciando e evidenciando o território como um laboratório de bio e geodiversidade de forma a capacitar os alunos para a sua conservação e valorização.

 

 

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