Os alunos do Agrupamento de Escolas Baixa-Chiado, no âmbito do Projeto Despertar para a Natureza, foram ao encontro dos segredos da vida e da geologia na Área Marinha Protegida do litoral de Cascais, em mais uma saída de campo no âmbito do Projeto Despertar para a Natureza promovido pela LPN.
A Área Marinha Protegida das Avencas (AMPA) foi o local escolhido pela professora Mariana Feio e professores do Agrupamento de Escolas Baixa-Chiado, para mais uma ação do Projeto Despertar para a Natureza, de saída de campo com alunos do 5ºano.
Com o intuito de observar e estudar um ecossistema marinho, a Geologia do Litoral e os problemas de ordenamento, os alunos, com a orientação do professor destacado na LPN, Rita Alves técnica da LPN e professores da escola, efetuaram um percurso entre a praia das Avencas e a praia da Bafureira procurando seguir os percursos previamente delineados, que minimizam o impacto do pisoteio na área mencionada.
Inicialmente, após o enquadramento geológico e biológico, destacou-se a necessidade do cumprimento de várias regras face às condicionantes do local devido às suas características geológicas e biológicas muito especiais, habitat de uma grande variedade de espécies que deverá ser preservado.
Sendo um habitat de grande importância e do qual dependem inúmeras espécies (utilizado como zona de abrigo, refúgio e de alimentação), alertou-se para as normas de visitação e pisoteio decorrentes da regulamentação da Área Marinha Protegida das Avencas, tendo em vista a manutenção da biodiversidade.
Rita Alves a indicar o percurso para a observação e estudo da fauna e flora do Intertidal.
A convergência de fatores geológicos, de carsificação dos calcários e dos filões de basalto que formam poças de maré e grandes plataformas rochosas atravessadas por canais naturais, permite que muitos organismos encontrem refúgio, tornando a Praia das Avencas uma das zonas intertidais (ou zona entremarés) mais diversificadas e ricas da costa portuguesa.
Os habitats da zona intertidal variam de forma dramática onde os seres vivos se adaptam utilizando diversas estratégias de sobrevivência. Numa zona que fica duas vezes por dia emersa e duas vezes imersa alguns seres vivos agarram-se com firmeza às rochas fixando-se e suportando as diferentes condições de submersão ao ritmo das marés. Em locais mais altos, os organismos só ficam submersos durante períodos breves, suportando uma longa exposição ao vento e ao sol, enquanto a zona da maré baixa fica quase sempre submersa.
Jorge Fernandes explicando a adaptação dos seres vivos na zona de entremarés.
Estudos e trabalhos de monitorização efetuados pela Cascais Ambiente e MARE - ISPA atestam a elevada diversidade específica da AMPA. No último relatório efetuado, em 2020, pela Cascais Ambiente, mencionou-se em 2020, um acréscimo de seres vivos sésseis (fixos ao substrato), embora se considere, ser ainda prematuro concluir sobre um acréscimo dessas comunidades marinhas, até porque se constata uma elevada pressão de apanha ilegal. Daí que, a sensibilização ambiental sobre a AMPA seja cada vez mais necessária, em particular com a população escolar. No entanto, no dia da saída de campo, por ser maré baixa, verificava-se uma enorme afluência de escolas. Havia um elevado número de alunos a percorrer a AMPA. Na nossa opinião, isso poderá constituir uma pressão local muito grande na fauna e flora, derivado do pisoteio, pelo que se recomenda que, haja atenção para o código de conduta na visita a estas áreas, tal como tentar que os grupos sejam mais reduzidos.
A fauna e flora das poças de maré logo despertaram a curiosidade e interesse dos alunos e após a explicação sobre a zonação das comunidades intertidais, com cuidado, para não perturbar os seres vivos, fomos à descoberta de alguns animais como as anémonas, os caranguejos, as estrelas e ouriços-do-mar, as lapas, burriés, mexilhões e percebes, camarões e cabozes e diversas algas descrevendo-se algumas caraterísticas e adaptações à vida na zona de entremarés.
Observação da fauna e flora das poças de maré.
Durante o percurso pela zona intertidal, alguns alunos apresentavam algumas dificuldades de mobilidade, mas isso não foi um obstáculo. As ações e projetos da LPN são inclusivas, contornam as dificuldades através de uma colaboração e atenção diligenciada pelos professores e alunos, propiciando oportunidades para que os jovens “abracem” e vivenciem de forma direta a natureza.
Aos alunos despertou ainda a curiosidade pela descoberta de vários afloramentos, junto à praia da Bafureira, de zonas com fósseis, troncos fossilizados, com carvão e pirite, que ajudam a compreender a evolução paleogeográfica das formações que afloram no concelho de Cascais.
No final, esta saída de campo realizada no âmbito do Despertar para a Natureza, e que contou com o apoio da, EPAL, garantiu a satisfação geral de todos os alunos, comprovada com os apertos de mãos, as cantorias, os gritos de entusiamo e com os “vivas” dados junto ao estacionamento, contando igualmente com a orientação do professor José Caeiro.
Atividade final de técnicas de gestão emocional promotoras de melhor relacionamento pelo professor José caeiro demonstrando a satuisfação pela ação realizada.
Foi um dia cheio de surpresas, de observação direta em contacto com o meio semi-natural, numa forma agradável e didática de trazer os jovens para atividades fora da escola, num local que por si só, já é motivador, levando-os a conhecer, para assim o proteger.
Sem impactos lesivos antropogénicos é possível conservar a geodiversidade e a biodiversidade tornando-se imperativo conhecê-la. Esse é um dos objetivos da LPN, o do cumprimento da Estratégia Nacional de Educação Ambiental e da Conservação da Natureza e Biodiversidade 2030, através dos seus projetos, e das ações de formação levadas a cabo pelo seu Centro de Formação Ambiental, acreditado pelo CCPFC – Conselho Científico Pedagógico de Formação Contínua e DGERT e no qual tem organizado diversas ações de formação na zona de Entremarés estando prevista uma ação de formação sobre esta temática para o próximo dia 3 de junho.
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