Formação em resgate e manuseio de abutres com agentes da GNR

Fotografia ©CERAS, QUERCUS

 

 

Com a aproximação da época mais sensível para as crias de abutre-preto, que começam agora a sair do ninho, é fundamental ter equipas no terreno preparadas para uma ação eficaz e célere de resgate e transporte de aves detetadas em estado débil ou feridas. O Projeto LIFE Aegypius Return, em colaboração com cinco Centros de Recuperação da Vida Silvestre, organizou sessões de formação com militares do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA / GNR), que contaram também com alguns vigilantes da natureza.

 

 

Capacitados 135 militares da GNR em quatro regiões do país

 

Durante o mês de junho, cinco centros de recuperação de fauna silvestre de norte a sul do país colaboraram na formação de militares da GNR/SEPNA e Vigilantes da Natureza (Instituto de Conservação da Natureza e Florestas). No total foram realizadas quatro sessões de formação em que participaram 135 agentes, com o objetivo de reforçar a capacitação em toda a área de ocorrência de abutre-preto (Aegypius monachus) em Portugal.

 

Foram jornadas de trabalho intensas, que combinaram sessões teóricas e atividades práticas de captura e manuseamento de fauna, particularmente de aves de grande dimensão. Metodologias de deteção de animais em perigo ou debilitados, princípios para uma atuação eficaz da GNR e de Vigilantes da Natureza, e formas seguras de transporte foram também temas abordados durante as sessões de formação.

Quatro sessões de formação em resgate e manuseio de abutres realizadas em Centros de Recuperação de fauna silvestre

 

Em Portugal, a par dos Vigilantes de Natureza, militares da GNR / SEPNA são responsáveis por acudir e recolher animais silvestres que sejam detetados em perigo ou debilitados. Os animais resgatados são depois encaminhados para Centros de Recuperação de fauna silvestre. De forma a garantir a cobertura nacional dos territórios de abutre-preto, as sessões de formação decorreram com a colaboração de cinco Centros de Recuperação das regiões onde a espécie ocorre. Enquanto entidade parceira do projeto LIFE Aegypius Return, a GNR identificou agentes da autoridade desses territórios para participarem na sessão de formação, e foram ainda convidados Vigilantes de Natureza.

 

 

NORTE

No norte do país, encontra-se a colónia de abutre-preto mais vulnerável, na área do Parque Natural do Douro Internacional. 25 agentes participaram na formação que decorreu em Felgar (Torre de Moncorvo), no Centro de Interpretação Ambiental e Recuperação Animal (CIARA) em colaboração com o Centro de Recuperação de Animais Selvagens do Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (CRAS-HVUTAD). O final da sessão foi celebrado com a libertação de um milhafre-preto (Milvus migrans) recuperado.

 

©CRAS-HVUTAD

 

 

 

CENTRO 

Duas colónias de abutre-preto estão localizadas na zona Centro do país, especificamente na Reserva Natural da Serra da Malcata e no Parque Natural do Tejo Internacional. Quando aves debilitadas são encontradas perto da Reserva da Malcata, são encaminhadas para o Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens (CERVAS) em Gouveia, gerido pela Associação Aldeia, local onde decorreu uma das formações da zona Centro, que contou com a participação de 50 agentes, e também Vigilantes da Natureza.

 

Com o número elevado de participantes, a sessão foi maioritariamente expositiva. No entanto, a pedido de vários militares interessados em aprofundar a componente técnica, serão realizadas novas sessões para a prática de captura e manuseamento de aves de grande porte.

 

As aves resgatadas junto à área do Parque Natural do Tejo Internacional são encaminhadas para o Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens (CERAS), gerido pela Associação Quercus. A segunda formação da zona Centro contou com 20 participantes e incluiu atividades práticas de manuseamento com indivíduos irrecuperáveis e uma visita às instalações. 

 

©CERAS

 

 

 

SUL 

Aves e animais feridos ou debilitados encontrados na zona Sul do país, incluindo o concelho de Moura, onde se encontra a quarta colónia de abutre-preto do país, na Herdade da Contenda, podem ser encaminhados para o Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens (RIAS) em Olhão. 40 agentes participaram na formação no Sul, que incluiu uma visita técnica às instalações.

 

 

©RIAS

 

 

 

Cooperação interinstitucional é fundamental para a conservação do abutre-preto em Portugal

 

O abutre-preto é uma espécie “Criticamente em Perigo” em Portugal, com uma população estimada de cerca de 40 casais reprodutores em quatro colónias, localizadas junto à fronteira leste com Espanha. Com o objetivo de reverter a situação vulnerável em que as populações se encontram, e duplicar o número de casais reprodutores até 2027, o projeto LIFE Aegypius Return tem tido um papel fundamental em promover uma abordagem multidisciplinar e interinstitucional nas ações de conservação implementadas e na mitigação das principais ameaças que afetam a espécie.

 

As sessões de capacitação em resgate e manuseio de aves permitem melhorar a resposta dos agentes locais, quando aves são encontradas em estado debilitado. Em breve, será também publicado um protocolo que irá informar os cidadãos e as partes interessadas sobre procedimentos a adotar em caso de deteção de um abutre-preto caído do ninho ou debilitado. O objetivo é garantir que as aves resgatadas chegam aos centros de recuperação na melhor condição possível para a sua recuperação.

 

Recentemente, parceiros do projeto organizaram uma sessão informativa dirigida a caçadores, com o intuito de promover e facilitar a transição para munições sem chumbo, um componente tóxico com efeitos subletais e letais para aves necrófagas. Em breve, serão também realizadas formações específicas e treinos com um perito de balística, dirigida a caçadores.

 

A Vulture Conservation Foundation, parceiro coordenador do projeto LIFE Aegypius Return, agradece o envolvimento e disponibilidade dos Centros de Recuperação que acolheram e dinamizaram as sessões de formação.

 

 

O que fazer quando encontrar uma ave debilitada ou em perigo em Portugal?

No caso de encontrar uma ave, ou outro animal ferido ou em perigo, deve informar as autoridades através da linha SOS Ambiente e Território da GNR / SEPNA, para o número 808 200 520.

 

 

 

Sobre o projeto LIFE Aegypius Return   

 

 

 

O projeto LIFE Aegypius Return pretende consolidar e acelerar o regresso do Abutre-preto em Portugal e Espanha ocidental, através da melhoria de habitat e da disponibilidade alimentar, e da minimização das principais ameaças com ações de capacitação das entidades e agentes nacionais. A equipa do projeto vai implementar ações de conservação específicas em dez áreas Natura 2000 ao longo de quase toda a fronteira entre Portugal e Espanha, com o objetivo de duplicar a população de Abutres-preto em Portugal para 80 casais em 5 colónias e, assim, baixar o estatuto nacional da espécie de ”Criticamente Em Perigo” para ”Em Perigo” até 2027.  

 

O projeto LIFE Aegypius Return é confinanciado pelo programa LIFE da União Europeia. O seu sucesso depende do envolvimento de todos os stakeholders relevantes, e da colaboração dos parceiros, a Vulture Conservation Foundation (VCF), coordenador beneficiário, e os parceiros locais Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, Herdade da Contenda, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Liga para a Protecção da Natureza, Associação Transumância e Natureza, Fundación Naturaleza y Hombre, Guarda Nacional Republicana e e Associação Nacional de Proprietários Rurais Gestão Cinegética e Biodiversidade.    

 

 

 

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