Em janeiro decorreu na Escola da Guarda, em Queluz, a formação de novos militares do Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da Guarda Nacional Republicana (GNR). Esta formação capacitou 49 militares de Portugal continental e ilhas para vários aspetos práticos e legais relacionados com a proteção ambiental, incluindo o resgate e manuseamento de fauna silvestre.
Formação de 49 novos SEPNA/GNR. ©VCF
O projeto LIFE Aegypius Return marcou presença na formação, a convite da GNR, autoridade nacional que integra o consórcio, dinamizando um módulo sobre a importância de um cuidadoso resgate e manuseamento de animais selvagens, em particular, de abutres-pretos (Aegypius monachus) – uma espécie ainda relativamente rara e prioritária em termos de conservação.
Esta intervenção contou com a preciosa colaboração das técnicas Verónica Bogalho e Eva Palma, do LxCRAS - Centro de Recuperação de Animais Silvestres de Lisboa, que explicaram o trabalho dos Centros de Recuperação para a Fauna, do seu trabalho em rede e com instituições-chave, como a GNR ou o ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas).
Equipa do LxCRAS. ©VCF
Milene Matos, coordenadora do LIFE Aegypius Return, apresentou o projeto, salientando a fundamental colaboração da GNR nas ações técnicas do projeto, bem como na sensibilização dos cidadãos.
Durante os trabalhos foi ainda explicado como, em caso de espécies muito ameaçadas, o salvamento ou a reabilitação de um único indivíduo pode ter uma franca repercussão no sucesso da recuperação da espécie, ao potencialmente poder contribuir para a reprodução e resiliência das populações.
Em Portugal, a par dos Vigilantes de Natureza (do ICNF), os militares da GNR / SEPNA são responsáveis por recolher animais silvestres que sejam detetados em perigo ou debilitados, encaminhando-os para Centros de Recuperação para a Fauna. Com esta ação, no total são já 184 os militares da GNR formados para uma resposta e ação de resgate mais eficazes, com a colaboração de seis Centros. No verão passado, 135 militares participaram de ações formativas similares, nas várias regiões de ocorrência do abutre-preto.
Material geralmente utilizado em operações de resgate e salvamento de fauna silvestre. ©VCF
No âmbito do projeto LIFE Aegypius Return, a GNR tem responsabilidades no combate ao crime-ambiental e na redução das ameaças ao abutre-preto, particularmente no que respeita à perturbação dos ninhos e à luta antivenenos. O projeto permitirá reforçar as capacidades técnicas da GNR com o estabelecimento de duas novas patrulhas cinotécnicas e o reforço das instalações físicas usadas no trabalho de preparação para a deteção de casos de envenenamento.
Formação de 49 novos SEPNA/GNR, com o apoio do LxCRAS. ©VCF
O projeto LIFE Aegypius Return pretende consolidar e acelerar o regresso do abutre-preto em Portugal e Espanha ocidental, através da melhoria de habitat e da disponibilidade alimentar, e da minimização das principais ameaças com ações de capacitação das entidades e agentes nacionais. A equipa do projeto vai implementar ações de conservação específicas em dez áreas Natura 2000 ao longo de quase toda a fronteira entre Portugal e Espanha, com o objetivo de duplicar a população de abutre-preto em Portugal para 80 casais em 5 colónias e, assim, baixar o estatuto nacional da espécie de Criticamente em Perigo para Em Perigo até 2027.
O projeto LIFE Aegypius Return é cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia. O seu sucesso depende do envolvimento de todos os stakeholders relevantes, e da colaboração dos parceiros, a Vulture Conservation Foundation (VCF), beneficiário coordenador, e os parceiros locais Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, Herdade da Contenda, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Liga para a Protecção da Natureza, Associação Transumância e Natureza, Fundación Naturaleza y Hombre, Guarda Nacional Republicana e Associação Nacional de Proprietários Rurais e Associação Nacional de Proprietários Rurais Gestão Cinegética e Biodiversidade.
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