Na rota da paisagem natural e cultural do Parque Natural Sintra-Cascais e Ericeira

No âmbito do Projeto Despertar para a Natureza, que conta com o apoio da EPAL, os alunos do 10º e 11º ano do Agrupamento de Escolas Professor Armando Lucena – Malveira realizaram uma visita de estudo inserida no Plano Anual de Atividades do Agrupamento com o objetivo de descoberta do património e cultural do Parque Natural de Sintra-Cascais e Ericeira e de divulgação das ações e projetos da LPN.

           

Às 8 horas, o sol espreitava timidamente junto à sede do Agrupamento de Escolas Professor Armando Lucena- Malveira, iluminando a entrada da escola onde os autocarros iriam sair com rumo às seguintes paragens: Dunas da Cresmina, Cabo da Roca, Praia do Magoito e um pequeno percurso pedestre na vila da Ericeira (de sul para norte) visitando o Centro de Interpretação da reserva Mundial de Surf.

 

Atarefados, os professores envolvidos na saída carregavam as pranchetas e os guiões respetivos, para distribuírem após a primeira paragem. “Vamos a isto” disse com entusiamo, o professor Henrique Martins, organizador da visita de estudo, que tinha como objetivos essenciais abordar os temas do programa da disciplina de Geografia, nomeadamente os Temas I (A população utilizadora de recursos e organizadora de espaços) e II (Os recursos naturais de que a população dispõe: usos, limites e potencialidades).

 

Depois da realização de várias visitas de estudo organizadas pelo professor Henrique Martins contemplando todas as turmas da disciplina de Geografia A da escola, na paisagem natural e cultural de Sintra- Cascais e Ericeira, esta saída era acompanhada pelo professor destacado na LPN que para além, do objetivo de destacar alguns aspetos principais da Geologia, Fauna e Flora da área visitada, se divulgava o trabalho efetuado pela LPN, nas áreas da Educação Ambiental e da Conservação da Natureza.

 

Salienta-se o trabalho efetuado pelo professor organizador – Henrique Martins que ao longo do seu trabalho educativo, tem organizado diversas visitas de estudo/saídas de campo todos os anos letivos, onde o espaço exterior, se assume como um laboratório natural e cultural ao ar livre, contribuindo para uma aprendizagem significativa pressupondo um trabalho contínuo antes, durante e pós visita.

 

Após uma descrição geral da atuação da LPN em prol da Proteção do Ambiente e sua divulgação pelos mais jovens, e um enquadramento geográfico, geológico da flora e fauna do Parque Natural de Sintra- Cascais, chegámos à primeira paragem no Centro de Interpretação das Dunas da Cresmina.

 

 

Chegada às Dunas da Cresmina - Guincho.

 

 

 

Pelo caminho. avistava-se a serra de Sintra, a serra mágica, que apresenta a chancela de Património Mundial da Humanidade da UNESCO na categoria de Paisagem Cultural, e considerada segundo François Lacroix (uma das maiores figuras das Ciências Geológicas), uma jóia petrográfica. A geodiversidade de Sintra, as suas caraterísticas climáticas e consequente riqueza dos solos permitem uma grande biodiversidade, com mais de 900 espécies de flora autóctone, em que cerca de 10% são endemismos. Contudo o Parque Natural de Sintra- Cascais apresenta várias ameaças, nomeadamente a proliferação de espécies invasoras, como por exemplo as acácias e o chorão, entre outras. Daí a importância da dinamização da educação ambiental e da conservação da natureza, por forma a se reabilitar a floresta autóctone.

 

Após a distribuição das pranchetas pelos passadiços das Dunas da Cresmina, ao longo de toda a saída, os alunos iriam trabalhar de forma autónoma com base na informação prévia nas aulas e guiões com documentos de trabalho fornecidos.

 

 

Percurso pelos passadiços das dunas da Cresmina.

 

 

 

O trabalho organizativo por parte dos professores potenciava um trabalho autónomo nos alunos, envolvendo-os nas tarefas propostas evitando-se descrições transmissivas detalhadas. Desta forma, os alunos através da sua experiência e observações dos locais a visitar compreendem e regulam a sua aprendizagem, identificando as suas dificuldades e os seus pontos fortes.

 

Raramente não existe vento na zona do Guincho e nas Dunas da Cresmina, mas naquela manhã, soprava apenas uma leve brisa. Contudo, os pinheiros bravos inclinados e a orientação de da vegetação dunar caraterística, (tão importante para a fixação das areias, que, não obstante, vão avançando na duna da Cresmina) testemunhavam os ventos fortes de noroeste que geralmente assolam nessa zona. Observando a paisagem, os alunos descreveram-na e efetuaram registos fotográficos necessários para a realização da 1ª tarefa do documento de trabalho.

 

Seguidamente, dirigimo-nos ao ponto mais ocidental do continente europeu, ali, a cerca de 150 metros do mar, podia-se ter uma vista abrangente sobre a Serra de Sintra e sobre a costa, saltando logo à vista o segundo farol mais antigo do nosso litoral, um dos elementos humanos preponderantes da paisagem. Através da observação direta da paisagem e com a colaboração dos professores presentes, junto ao Cabo da Roca, os alunos realizaram as tarefas da 2ª parte do documento de trabalho.

 

 

Percurso no Cabo da Roca (foto: Henrique Martins).

 

 

 

Depois de uma breve paragem para o almoço no Parque de Merendas do Magoito, partimos em direção à praia do Magoito para observação também de uma duna, mas desta vez uma duna fóssil ou paleoduna do Magoito, classificada como um geossítio (local de particular interesse para o estudo da geologia notável sob o ponto de vista científico, didático ou turístico) e que constitui um verdadeiro arquivo geológico e arqueológico.  

 

 

Enquadramento natural da praia do Magoito junto ao painel informativo do parque Natural de Sintra-Cascais.

 

 

 

De acordo com o mencionado no guião por Henrique Martins, teve-se também a oportunidade de observar duas intervenções que, recentemente, foram efetuadas junto à praia de Magoito. Uma foi a remodelação da ETAR, da responsabilidade dos SMAS de Sintra, que promoveu uma melhoria na água e na areia da praia. A outra foi a intervenção na rampa de acesso à praia de Magoito com vista à segurança de pessoas e bens, da responsabilidade da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

 

 

 

Percurso junto à paleoduna da praia do Magoito.

 

A paleoduna do Magoito corresponde a um estádio de evolução de areia solta para arenito, um processo que leva milhões de anos, sendo contemporânea de uma regressão do mar com uma descida de aproximadamente de 100 metros.

 

Com níveis arqueológicos identificados baseados em instrumentos de sílex e de cerâmica encontrados no local, e em conexão com a duna consolidada do Magoito, permitiu-se obter uma datação fiável confirmando a cronologia do Pré-Boreal, possibilitando uma reflexão sobre a importância do litoral para os seres humanos, quer os de agora, quer os de antigamente, quando o litoral estava mais afastado alguns quilómetros para ocidente. Para o registo da observação efetuada, os alunos realizaram a 3ª parte do documento de trabalho.

 

De seguida, o autocarro levou-nos até à Ericeira, onde se efetuou um percurso pedestre pela vila (de sul para norte), passando pelo Centro de Interpretação da Reserva Mundial de Surf, onde fomos recebidos por técnicos e monitores da Câmara Municipal de Mafra. Percebendo-se a sua importância e características, sendo a 2ª Reserva distinguida a nível global, e a primeira a ser distinguida na Europa, os alunos registaram as observações efetuadas e realizaram a 4ª parte do documento de trabalho.

 

 

Consulta do painel Informativo da praia do Sul.

 

 

 

Visita ao posto de turismo da Ericeira. Explicação das caraterísticas naturais e dos critérios que conduziram ao reconhecimento oficial da Reserva Mundial de Surf da Ericeira.

 

 

 

Observação e identificação das diferentes características do povoamento e do meio natural. na praia dos Pescadores na Ericeira.

 

 

 

E após a verificação de tudo estar em conformidade iniciou-se a viagem de regresso à escola, tendo os alunos levado para trabalho de casa a 5ª parte do documento de trabalho, para ser discutido posteriormente em sala de aula.

 

Através de um trabalho mais participativo e autónomo, esta saída de campo no âmbito do Projeto Despertar para a Natureza, que contou com o apoio da EPAL, evidenciou, que mesmo com um elevado número de alunos participantes, se uma saída for bem organizada possibilita o contributo para uma cidadania ativa de Valorização do Território - eixo temático da Estratégia Nacional de Educação Ambiental.

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