Novo vídeo de animação: Assegurar o futuro do abutre-preto em Portugal e no oeste de Espanha

O regresso do abutre-preto a Portugal é um poderoso símbolo de esperança e resiliência. No entanto, a jornada não tem sido fácil. Décadas de destruição do habitat, envenenamentos e perseguição deixaram marcas profundas. Embora estas majestosas aves estejam lentamente a regressar, graças à recolonização natural e a medidas de conservação dirigidas, o seu futuro ainda está em risco.

 

Para explicar os desafios latentes, o projeto LIFE Aegypius Return criou um novo vídeo de animação, disponível em inglês, espanhol e português. Este vídeo destaca as ameaças que o abutre-preto enfrenta e celebra os esforços colaborativos que apontam um caminho para a sua recuperação.

 

 

 

 

 

O caminho para a recuperação

A recuperação do abutre-preto é delicada e lenta. Estas aves têm uma vida longa, mas não se reproduzem rapidamente – só atingem a maturidade sexual aos 5 ou 6 anos de idade, e cada casal põe apenas um ovo por ano. Desde 2010, quando aves vindas de Espanha começaram a reproduzir-se em Portugal, marcando o regresso da espécie ao país, houve progressos consideráveis. Em 2022, a população reprodutora em Portugal tinha aumentado para 40 casais. Dois anos após o início do projeto LIFE Aegypius Return, o número de casais aumentou para 108-116, o que é um desenvolvimento promissor. No entanto, a espécie ainda enfrenta desafios significativos devido às elevadas taxas de mortalidade não natural, que continuam a ser um grande obstáculo à sua recuperação.

 

Combater as maiores ameaças ao abutre-preto

Desde o seu início em 2022, o projeto LIFE Aegypius Return tem vindo a trabalhar numa abordagem transnacional em grande escala para fazer frente aos principais desafios que dificultam a recuperação do abutre-preto.

 

Envenenamento

O envenenamento é a principal causa de morte de abutres em todo o mundo. Os iscos ilegais e as carcaças contaminadas têm um severo impacto nas populações de abutres. Para combater esta ameaça, o projeto visa reforçar as capacidades de aplicação da lei, criar brigadas caninas de deteção de venenos e lançar campanhas de sensibilização.

 

 

A colaboração com o Programa Antídoto é essencial: deteção de um abutre-preto, morto, com sintomas de envenenamento; e recolha do cadáver pelas autoridades, conforme protocolo oficial. ©ATN/Faia Brava

 

 

 

Ingestão de chumbo

Os abutres consomem frequentemente animais de caça mortos com munições tradicionais, com chumbo, acabando por ficar também contaminados. Ao trabalhar com caçadores e gestores de caça, o projeto promoverá a transição para o uso de munições sem chumbo, tornando o alimento disponível para os abutres mais seguro.

 

 

Programa de ‘embaixadores de munições sem chumbo’ do projeto LIFE Aegypius Return, dirigido a caçadores e gestores de caça.

 

 

Escassez de alimento

Mudanças no setor pecuário e nas regulamentações sanitárias limitaram a disponibilidade de alimento para aves necrófagas como o abutre-preto. Para ajudar a resolver este problema, o projeto implementará campos de alimentação e áreas não vedadas para alimentação suplementar de abutres ao longo da faixa raiana.

 

Sucesso reprodutor

Para que a população cresça, o sucesso reprodutor é fundamental. O projeto fomenta o sucesso reprodutor através da gestão do habitat, da construção de novas plataformas de nidificação e da manutenção das existentes, bem como da redução das perturbações humanas, assegurando melhores condições às colónias de reprodução.

 

 

Plataforma artificial de nidificação para abutre-preto. ©LPN

 

 

 

Mortalidade causada pelas infraestruturas elétricas

A eletrocussão e as colisões com linhas elétricas são uma causa significativa de morte de abutres. Para mitigar este problema, o projeto objetiva monitorizar 60 abutres-pretos marcados com emissores GPS/GSM, de forma a identificar áreas de risco elevado. Com este contributo, as linhas elétricas perigosas poderão ser isoladas, as aves feridas serão mais rapidamente socorridas e serão implementadas soluções a longo prazo.

 

Colaboração é chave

O sucesso do projeto LIFE Aegypius Return depende inteiramente da colaboração entre pessoas, entidades e setores. Conservacionistas, veterinários, autoridades, agricultores, proprietários rurais e caçadores estão a trabalhar em conjunto para garantir um futuro melhor para o abutre-preto. Ao fazer a ponte entre as estratégias de conservação em grande escala e as ações no terreno, o projeto procura obter um sucesso duradouro.

 

 

 

Sobre o projeto LIFE Aegypius Return 

 

 

O projeto LIFE Aegypius Return é cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia. O seu sucesso depende do envolvimento de todos os stakeholders relevantes, e da colaboração dos parceiros, a Vulture Conservation Foundation (VCF), beneficiário coordenador, e os parceiros locais Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, Herdade da Contenda, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Liga para a Protecção da Natureza, Associação Transumância e Natureza, Fundación Naturaleza y Hombre, Guarda Nacional Republicana e Associação Nacional de Proprietários Rurais e Associação Nacional de Proprietários Rurais Gestão Cinegética e Biodiversidade.

 

 

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