Pelo Oeste, do Jurássico à atualidade

No âmbito do projeto Centro de Interpretação para a Lagoa de Óbidos, realizou-se no dia 15 de junho a atividade “Lagoa de Óbidos, um mar de histórias”. Esta atividade contou com a colaboração do Município de Óbidos e do Museu Geológico de Lisboa.


A vila de Óbidos foi o ponto de partida para o nosso geopercurso pelo Litoral do Oeste. As arribas litorais que acompanham o oceano Atlântico desde a serra do Bouro, a norte da Lagoa de Óbidos, até à praia dos Olhos d´Água, a sul da Lagoa, são um testemunho vivo da história geológica desta região.


A primeira paragem foi na jazida norte da serra da Bouro, com plena vista sobre a encosta de São Martinho do Porto até à ponta de Peniche, com realce sobre a ilha das Berlengas e dos Farilhões.

 

 

 

Neste local, para além das emblemáticas pegadas de dinossauros, visíveis na laje de calcário, e na sua maioria pertencentes a saurópodes, é também muito evidente a abundante vida marinha existente na época, conforme atestam os inúmeros fósseis de bivalves que se encontram nas restantes rochas calcárias aflorantes, depositadas no Jurássico Superior em ambiente marinho de pequena profundidade.


 
Estes afloramentos estão incluídas na Formação de Alcobaça, que se prolonga aproximadamente até à margem norte da Lagoa de Óbidos.

 

 

 

 

 

 

 

Seguiu-se viagem pela estrada atlântica até ao miradouro da Foz do Arelho. Em paralelo com a estrada, sobressai da paisagem o Vale Tifónico das Caldas da Rainha, unidade estrutural que aproximadamente se prolonga desde o paralelo de Rio Maior até Porto de Mós-Batalha.

 

Do miradouro da Foz do Arelho pudemos contemplar a Lagoa de Óbidos e a sua dinâmica com o mar. No lado sul da embocadura da Lagoa, a arriba da rocha do Gronho, afloramento com uma altitude de 35 m, onde é possível identificar estruturas fluviais características de ambiente deltaico do Cretácico Inferior.

 

 

 

 

 

Descendo à Lagoa de Óbidos, o percurso dirigiu-se pela margem norte da Lagoa de Óbidos, em direção ao monumento natural do Penedo Furado, um monumento geológico com milhões de anos, correspondente a um bloco de arenito do Jurássico Superior da Formação da Lourinhã, que em consequência de processos erosivos se encontra isolado do restante maciço e afetado por inúmeras cavidades de dimensões muito variáveis, que lhe dão o nome pelo qual é conhecido.


 
O Penedo Furado foi esculpido nos arenitos da Formação de Lourinhã representada neste local por uma sucessão de camadas de arenitos por vezes muito finos e micáceos com estratificação, entrecruzada, marcas de ondulação e de corrente, depositados no Jurássico Superior em leitos de linhas de água meandriformes que atravessavam planícies aluviais deltaicas.

 

 

 

 

O percurso seguiu-se para sul, contornando a Lagoa de Óbidos, até à praia do Rei Cortiço. Aqui, nas arribas talhadas nos depósitos da Formação de Figueira da Foz, constituída por depósitos de cor amarelada ou esbranquiçada de arenitos, ricos em caulino, com calhaus rolados de rochas do paleozoico (quartzitos, etc.), acompanhados por argilas acinzentadas ou arroxeadas, contendo por vezes restos de vegetais, conjunto que representa o Cretácico Inferior nesta região, encontram-se verdadeiros testemunhos rochosos que revelam a hidrodinâmica dos paleo-canais dos ambiente deltaico então existentes e que dominavam a paisagem, bem como a flora existente nesta época, representada por restos de troncos de árvores, provavelmente coníferas, por vezes de grandes dimensões e que se encontram sob forma de carvão.

 

De notar que as primeiras angiospérmicas, que se diferenciaram a partir do final do Cretácico inferior (Aptiano-Albiano), foram identificadas pela primeira vez no final do sec. XIX , na região do Bombarral em unidades correlacionáveis com o topo da formação de Figueira da Foz.


 

Descendo à praia seguimos rumo ao sul até às pistas de dinossauros da arriba da praia dos Olhos d’Água.

 

 

 

 

O Caulino é um minério constituído por caulinite (mineral do grupo das argilas, muito fina e leve) e outros minerais, utilizado na produção de porcelana.

 

 


O lignito é um tipo de carvão com elevado teor de carbono na sua constituição. É o único tipo de carvão 100% biológico e fóssil, formado unicamente por matéria orgânica vegetal fossilizada.

 

 

 

Dinamizadores: Jorge Sequeira do museu Geológico de Lisboa/LNEG e Sérgio Pinheiro do município de Óbidos.

 

 

 

 

 

Embora não seja possível visualizar todas as pegadas, foram aqui registadas 128 pegadas tridáctilas de terópodes e de ornitópodes, distribuídas por 17 pistas.

 

 

 

 

 

 

O dia já ia longo, mas sem perder a energia rumou-se até ao museu Geológico de Lisboa. Lugar único de valor incomensurável que nos transporta numa viagem sobre a evolução geológica e paleontológica de Portugal.

 

 

 

 

Molde do crânio encontrado na Gruta Casa da Moura (Planalto das Cesaredas, Óbidos), pelo Nery Delgado e publicado em 1867. Encontrado 3 anos antes da descoberta de Crô-Magnon (França).

 

 

O nosso agradecimento aos dinamizadores Jorge Sequeira, Eng. Geólogo do museu Geológico de Lisboa e ao Sérgio Pinheiro, Arqueológo do Município de Óbidos, pelo excelente contributo enriquecedor desta atividade e a todos os participantes pela atenção, simpatia e boa disposição.

 

Agradecemos também a amabilidade do município de Óbidos em nos ceder um autocarro que permitiu a realização desta atividade.

 

 

A próxima iniciativa do Centro de Interpretação para a Lagoa de Óbidos é já no próximo dia 29 de junho (sábado). Participe na atividade “Paraísos Verdes da Lagoa de Óbidos”. Saiba mais aqui.

 

 

Descarregue aqui a Cartografia Geológica, à escala 1:50 000:

 

 

 

Para mais informações sobre o Centro de Interpretação para a Lagoa de Óbidos, clique aqui.

 

 

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