Reduzir a nossa pegada para celebrar os oceanos

Junho é mês de celebrações, não só pelas festas populares, mas também em prol do nosso planeta. A 5 de junho celebrámos o Dia Mundial do Ambiente e, três dias depois, assinalamos o Dia Mundial dos Oceanos, reconhecido pelas Nações Unidas desde 2008.

 

Cobrem 70% da superfície da Terra e, ao contrário do que tantas vezes pensamos, fornecem-nos tanto ou mais oxigénio do que as florestas. Fonte de alimento, oxigénio, energia e habitat para tantas espécies, muitas delas ainda desconhecidas, os oceanos são cruciais à vida na terra. No entanto, estão cada vez mais ameaçados, seja pela perda de biodiversidade e de habitats, de que são exemplo os recifes de coral, que têm vindo a desaparecer a uma velocidade acentuada, quer pela poluição. O principal vilão já o conhecemos, a população crescente e consequente sobre-exploração de recursos, têm vindo a destruir os nossos mares.

 

O lixo marinho é também uma das principais ameaças a estes ecossistemas, mas este não nasce no mar, vem de terra e das nossas casas. Mesmo depois de tantos alertas e campanhas de sensibilização, ainda há muito a fazer, sendo que estão no pódio de resíduos mais recolhidos as beatas, artes de pesca e embalagens. Muitos artigos sanitários também continuam a ser depositados no local errado, como os cotonetes que, tantas vezes confundidos com pauzinhos de chupa-chupa, são por vezes encontrados às centenas em algumas das nossas praias.

 

Mesmo com muito esforço, nem sempre é fácil recolher estes resíduos do areal. Ao longo do tempo, fragmentos de plástico vão se degradando pela ação do sol e outros agentes erosivos, tornando-se microplásticos, pedaços com uma dimensão inferior a 5 mm. Estes são de muito mais difícil recolha, uma vez que se confundem com o areal e entram nas cadeias alimentares, podendo mesmo chegar até nós novamente, através do pescado que ingerimos. Os plásticos podem demorar dezenas ou até centenas de anos a desaparecer. Estima-se que uma beata, dependendo do meio, demore 18 meses a 10 anos a degradar-se, enquanto uma garrafa de plástico pode chegar aos 500. Muitos anos depois de já cá não estarmos, permanecerão no planeta os nossos resíduos e não é esta a marca que, acreditamos, queremos cá deixar.

 

 

O projeto Mares Circulares, uma parceria da LPN com a Coca-Cola, tem vindo desde 2018 a lutar por um oceano mais limpo e uma economia mais sustentável. Por isso, promove a sensibilização para a problemática do lixo marinho, investindo na promoção da literacia do oceano e de uma cidadania ativa.

 

O Mares Circulares aposta no envolvimento e capacitação de diferentes grupos e entidades, como a comunidade escolar, empresas, associações locais, ONGs ou autarquias. Através de uma participação ativa em ações de sensibilização, monitorização e limpeza de praias de todo o país, estes diversos agentes vão ficando mais conscientes para estes temas, amplificando a mensagem para a restante sociedade.

 

Além desta componente de sensibilização, o projeto tem um caráter científico, sendo contabilizados todos os resíduos recolhidos para posterior análise da evolução e impacto destas limpezas, assim como uma monitorização bianual do lixo marinho em 11 praias nacionais. A participação ativa passa também pela realização de dois concursos anuais, dirigidos à comunidade escolar e à comunidade científica e empresarial, para descoberta de soluções inovadoras que promovam a economia circular e a diminuição destes resíduos.

 

O Dia Mundial dos Oceanos é, portanto, uma data que a LPN e o Mares Circulares não podiam deixar de assinalar. Recorda-nos que os oceanos são a nossa casa e sem eles não seria possível a vida na Terra. Vale sempre a pena relembrar que as pequenas ações também contam. Tornarmo-nos consumidores conscientes é um passo certo para reduzir a nossa pegada: seja pelo tipo de produtos pelos quais optamos (sem microplásticos, reutilizáveis ou em menor quantidade), como pela forma como os descartamos (não depositar na sanita ou reciclar). Passo a passo vamos tornar os oceanos mais limpos e a sociedade mais responsável e sustentável.

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