O Parque Natural da Arrábida e a Paisagem Protegida da Costa da Caparica foram as duas áreas protegidas objeto de visita de estudo por parte dos alunos do 9º ano da Escola Básica da Bobadela. Lugares esculpidos pelo tempo geológico que mergulham nas águas banhadas pelo oceano, são muito mais do que ecossistemas complexos e raros, são referenciais de cultura e de identidade que reúnem um potencial educativo e científico que importa divulgar. Aprender a respeitar, continuar a conservar são alguns exemplos das mensagens que os professores da Bobadela procuram desenvolver com os seus alunos levando-os a conhecer e estudar numa “expedição” efetuada em alguns locais simbólicos dessas áreas protegidas.
São oito horas da manhã, à porta da Escola Básica da Bobadela o professor Henrique Martins do departamento de Geografia depois de ter feito um trajeto longo desde a sua habitação até á Escola Básica da Bobadela efetua a chamada aos alunos para o início da viagem ao Parque Natural da Arrábida e Paisagem Protegida da Costa da Caparica.
É o início de duas saídas de campo em dois dias seguidos com três turmas do 9º ano que contam com a participação da LPN através do professor destacado. Ao longo dos anos em que temos participado e vivenciado a intervenção do professor Henrique Martins com a colaboração dos seus colegas na implementação das saídas de campo pelas escolas por onde tem inscrito a sua tarefa educativa registamos a tentativa de rotura com a pedagogia tradicional de confinamento dos alunos à sala de aula e aos edifícios escolares indo ao encontro dos desígnios preconizados para o perfil dos alunos para o século XXI à saída da escolaridade obrigatória - Promover de modo sistemático e intencional, na sala de aula e fora dela, atividades que permitam ao aluno fazer escolhas, confrontar pontos de vista, resolver problemas e tomar decisões com base em valores (Martins, G. et al.2017).
Alto do Jaspe – panorâmica para a serra do Risco
Chegámos um pouco antes das duas saídas de campo à escola, o ambiente envolvente era por parte dos alunos (provavelmente perpassavam a visão dos seus encarregados de educação e comunidade envolvente) ainda de encarar a saída de campo como mais um “passeio”. O que levaria a esse tipo de entendimento? … Talvez fazendo uma análise histórica da política educativa e das representações sociais sobre as metodologias educativas ainda vigentes, embora não as atuais, possam explicar esse tipo de análise. Contudo não cabe no âmbito desta notícia descrever as causas que servem de fonte de investigação para inúmeros trabalhos de ciências sociais e da Educação mas ficam aqui algumas pistas de reflexão como sejam as seguintes:
a) o novo paradigma educativo de utilização de metodologias ativas ainda não ser entendido (resultado de correntes educativas que priorizam o cumprimento integral dos programas das disciplinas e que consideram que as saídas de campo como uma perda de tempo curricular);
b) a expressão saída de campo não ser generalizada como uma metodologia/estratégia/recurso na Escola tornando-a até algo ambígua pelas diferentes disciplinas (Fontinha, F. 2017).
Contudo, depressa o conceito de passeio (embora não descurando a importância do seu caráter intimista com a natureza ou de relacionamento pessoal e social) “ficou por terra” quando todos os alunos se começaram a envolver ativamente nos momentos das paragens das saídas de campo com tarefas pré-determinadas. Na verdade, as saídas de campo como são apanágio deste professor envolvem um trabalho prévio e estas não foram excepção.
Mas voltando às saídas propriamente ditas, o percurso definido para o Parque Natural da Arrábida e Paisagem Protegida da Costa da Caparica teve as seguintes paragens: Alto do Jaspe – Estação Arqueológica do Creiro – Castelo de Sesimbra (almoço), Monumento Natural da Pedreira do Avelino, Miradouro dos Capuchos e Praia de S. João da Caparica – Projeto ReDuna.
Alto do Jaspe. Foto: Henrique Martins.
Após um breve enquadramento biofísico, de análise da paisagem envolvente e dos riscos naturais e antrópicos associados privilegiou-se a utilização e metodologias ativas, em que os alunos construíram autonomamente a sua aprendizagem solicitando se necessário a colaboração e orientação dos professores para a resolução das questões de um guião previamente elaborado sobre os diferentes locais objetos de estudo.
Estação Arqueológica do Creiro.
Por momentos, nesses dias os alunos fizeram um corte na sua rotina na escola, saíram do seu contexto indoor através da observação direta da paisagem numa região de beleza incomparável que reúne um notável património natural e cultural.
Estas saídas foram um exemplo de ações suficientemente bem planeadas e estruturadas, no qual os professores, partilham um mesmo ideário criando condições para uma aprendizagem significativa. Resolutamente os professores organizadores participam como protagonistas de uma educação para a mudança nas práticas tornando a observação e interpretação da natureza e paisagens elementos fundamentais estruturantes de uma aprendizagem que contribua para o cumprimento dos objetivos da Educação Ambiental.
Estação Arqueológica do Creiro. Foto: Henrique Martins.
Estação Arqueológica do Creiro. Foto: Henrique Martins.
Jazida de icnofósseis do Monumento Natural da Pedreira do Avelino. Foto: Henrique Martins.
Miradouro dos Capuchos. Foto: Henrique Martins.
Praia de S. João da Caparica (Placa – projeto Reduna)
Praia de S. João da Caparica (Projeto Reduna)
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