Quantas vezes olhou para aquelas plantas que estão junto ao rio Tejo, nas zonas de sapal, ou nas dunas e pensou para que serve isso?
Pois essas plantas, têm um grande potencial! Através da agricultura biossalina que contribui para a conservação do ecossistema podem ser usadas na alimentação, em produtos de cosmética e medicinais.
No Complexo das Salinas do Samouco, para além de se dar a conhecer a sua biodiversidade e o seu Património cultural através de um percurso guiado, experimentaram-se os sabores, a importância da agricultura biossalina e a potencialidade que as plantas halófitas (tolerantes à salinidade) reúnem, no âmbito de uma ação de formação de professores organizada pela LPN.
Em outubro, a LPN organizou uma ação de formação para professores, destinada também aos associados e público em geral, no Complexo das Salinas do Samouco. Foi proposto aos participantes um percurso pelos trilhos entre uma grande variedade de salinas, seguido de degustação de plantas halófitas (plantas tolerantes à salinidade) num complexo único, que une a biodiversidade ao património sociocultural.
O complexo de salinas do Samouco situa-se na margem esquerda do Estuário do Tejo e foi reabilitado enquanto local de compensação de impactes associado ao projecto da Ponte Vasco da Gama, com verbas do Estado, da Lusoponte e de Programas Comunitários.
Inicialmente, os participantes foram recebidos pelo André Baptista –guia-técnico das Salinas do Samouco que caraterizou o Complexo das Salinas do Samouco tendo-se posteriormente, efetuado um percurso pelos trilhos proporcionando-se o contacto com alguns aspetos da biodiversidade do local, realçando-se a sua importância sociocultural.
Apresentação do Complexo das Salinas do Samouco por André Baptista técnico – guia das Salinas do Samouco.
As Salinas do Samouco para além da produção do sal efetuada sobre os moldes artesanais, serve de alimentação, refúgio e nidificação para milhares de aves e outras espécies. Equipados com os binóculos os participantes tiveram a possibilidade de observar diferentes aves estuarinas que recorrem às salinas destacando-se o pernilongo, o flamingo, o milherango e o alfaiate (símbolo da Reserva Natural do estuário do Tejo). E como elemento inseparável da paisagem estuarina, realçou-se a importância da vegetação que constituem os sapais e a necessidade da preservação destes sistemas altamente produtivos, com um papel determinante na descontaminação natural dos estuários, contribuindo para a preservação da biodiversidade.
André Baptista conduzindo o grupo de participantes rumo à descoberta da biodiversidade das Salinas.
Nas Salinas do Samouco existe uma estação de anilhagem científica de aves e todos os meses as aves são recenseadas e as que têm marcações são controladas. Esta monitorização permite verificar a evolução das populações bem como a eficiência das medidas de gestão levadas a cabo mencionou André Baptista.
Nas paragens efetuadas ia-se observando as diferentes plantas do sapal, como por exemplo a Sarcocórnia, Salicórnia, Gramata-branca, Salgadeira, e Barrilha espécies que demonstram estruturas adaptativas à elevada salinidade e humidade edáfica. São algumas dessas plantas halófitas que Márcia Pinto cultiva nos muros das salinas. Mais do que um negócio, a Salina Greens empresa gerida por Márcia Pinto é uma tentativa de conservar o ecossistema único das salinas.
Explicação dada por Márcia Pinto sobre a importância do Sapal.
Identificação e importância de algumas plantas halófitas por Márcia Pinto.
Nos muros das salinas, desde sempre foram utilizados como locais de produção de produtos hortícolas, como forma de sustento suplementar dos marnoteiros. Assim, após o percurso num local onde se produz sal tradicional, e já com alguma fome veio mesmo a calhar a oportunidade fantástica de um momento de degustação apreciando a gastronomia colhida através de métodos sustentáveis pela Salinas Green, que desenvolve técnicas agrícolas específicas para as espécies nativas das antigas salinas tradicionais.
Márcia explicou-nos que a Salina Greens usa uma técnica agrícola inovadora certificada, a Agricultura Biossalina, que consiste no uso da própria estrutura das salinas, coordenado com a localização e o ciclo de vida de cada planta sazonal, que regenera rapidamente.
Através de uma ementa diversificada, Márcia Pinto convidou os participantes a experimentar e a saborearem os benefícios que as plantas halófitas constituem, pois juntam as propriedades dos legumes com a água do mar e são um ótimo substituto do sal usado em excesso, que como se sabe é uma das principais causas de morte no mundo.
Ao regressarmos desta saída de campo ficámos com a recordação não só da riqueza da biodiversidade e do património cultural mas também dos sabores agradáveis que pudemos experimentar, de alimentos com muitas propriedades nutricionais.
O Complexo das Salinas do Samouco constitui, sem dúvida, um excelente Laboratório Natural que os professores podem utilizar para a realização de saídas de campo com os seus alunos permitindo-lhes conhecer melhor a biodiversidade, a importância da sua preservação e ampliar a sua visão de mundo.
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