Wildlife Crime Academy

Projeto internacional capacita instituições e reforça combate ao crime contra a vida selvagem.

 

O crime contra a vida selvagem é uma ameaça global, que põe em risco a biodiversidade, e a segurança e saúde públicas. A Wildlife Crime Academy surge como forma de reforçar a resposta coletiva da Europa contra este tipo de crimes. Mais de 100 profissionais ligados ao combate ao crime ambiental em 17 países foram já capacitados com formação especializada.

 

 

Formação Wildlife Crime Academy ©Eleni Karatzia / VCF

 

 

 

Wildlife Crime Academy, um modelo com provas dadas

A Wildlife Crime Academy (WCA) é um programa de capacitação de profissionais e instituições, em vários países, para reforçar o combate ao crime ambiental. Os profissionais visados são as autoridades policiais e de conservação da natureza, procuradores, toxicologistas, médicos-veterinários, profissionais das Organizações Não-Governamentais de Ambiente (ONGA), entre outros implicados na deteção e instrução dos processos de crimes contra a vida selvagem.

 

A iniciativa foi inicialmente lançada em 2021, no âmbito do programa LIFE BalkanDetox que teve como principal objetivo reforçar as capacidades dos países dos Balcãs para combater o envenenamento ilegal. Nos Balcãs, o programa foi muito bem-sucedido, tendo resultado num decréscimo muito significativo dos crimes relacionados com o uso de venenos. Esta capacitação consistiu numa réplica do modelo implementado na região da Andaluzia, que, nas últimas décadas, reduziu em 90% os incidentes relacionados com envenenamento. Estes resultados foram possíveis graças à capacitação, à aplicação estratégica da lei, a um reforço da perícia forense e à coordenação das operações entre as várias instituições envolvidas em cada processo. Face aos bons resultados alcançados na Andaluzia e nos Balcãs, a Vulture Conservation Foundation alargou o programa de capacitação a mais países, através da aprovação do projeto LIFE Wildlife Crime Academy. O projeto WCA será implementado até 2028, com o apoio financeiro do programa LIFE, da União Europeia.

 

Entre 2021 e 2024, a WCA realizou cinco cursos internacionais — dois de Nível I, dois de Nível II e um de Nível III — envolvendo 66 profissionais de 13 países: Albânia, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Croácia, Chipre, Grécia, Egito, Líbano, Itália, Marrocos, Macedónia do Norte, Sérvia e Espanha.

 

Após participação nos cursos a nível internacional, cada país organiza ações de capacitação locais, com efeito multiplicador. Deste modo, no total e graças aos formandos que lideraram cursos nacionais, mais de 650 profissionais adicionais foram já formados.

 

 

Formação prática ©Iñigo Fajardo

 

 

 

Portugal integra Academia

De 10 a 12 de junho de 2025, realizou-se mais uma formação de Nível I, intitulada 'Fundamentos da Investigação Forense e Policial em Crimes contra a Vida Selvagem' e centrada no combate ao abate ilegal, envenenamento e armadilhagem ilegal de fauna selvagem.

 

Esta edição contou com 37 profissionais de nove países – Bulgária, Chipre, França, Grécia, Montenegro, Portugal, Sérvia, Eslovénia e Espanha – que, durante três dias intensivos, receberam formação em isolamento de locais de crime, necropsias forenses, recolha de provas toxicológicas e gestão da investigação de crimes contra a fauna.

 

O curso decorreu na Universidade Internacional da Andaluzia, em La Rábida (Huelva, Espanha), e marcou a primeira edição realizada no âmbito do projeto LIFE WCA. A Junta de Andaluzia, reconhecida internacionalmente pela sua liderança nesta área, foi responsável pela administração da formação, partilhando conhecimentos com base em décadas de experiência.

 

Os próximos passos, em cada país, incluindo Portugal, incluem a participação nas formações internacionais de nível II e III, a organização de formações multiplicadoras, a nível nacional, e a constituição de um grupo de trabalho, que fará um diagnóstico da situação geral dos crimes contra a vida selvagem no país e apresentará medidas que permitam melhorar a eficácia da atuação de todos os envolvidos nas várias fases de análise dos processos-crime. A WCA irá também promover a colaboração transfronteiriça e partilha de informação através de plataformas como a Europol e a CMS/MIKT.

 

Em Portugal, as instituições que serão capacitadas ou envolvidas na WCA incluem, entre outras, a Guarda Nacional Republicana (GNR) e o respetivo Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA), o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a Rede Nacional de Centros de Recuperação para a Fauna, a Rede Nacional de Centros de Necropsia e Toxicologia, ONGAs, e a Procuradoria-Geral da República.

 

No nosso país, estas atividades serão coordenadas pela Vulture Conservation Foundation, em parceria com a Liga para a Protecção da Natureza (LPN) e a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), otimizando a experiência já adquirida em projetos como LIFE Imperial, LIFE Rupis e LIFE Nature Guardians. Os trabalhos da WCA em Portugal complementam ainda os esforços levados a cabo no âmbito do projeto LIFE Aegypius Return, que visa a proteção do abutre-preto (Aegypius monachus) e a redução das ameaças a esta espécie, como o envenenamento ilegal, o tiro e a perturbação.

 

 

Fotografia de grupo com professores e formandos ©VCF

 

 

Impacto a longo termo

A WCA não está apenas a formar profissionais – está a ajudar a mudar a forma como as instituições pensam e respondem aos crimes contra a vida selvagem, incentivando a que lhes seja atribuído o mesmo tipo de prioridade e recursos que a outro tipo de crimes.

 

Nos próximos quatro anos, a WCA irá:

  • Formar 100 novos especialistas através de quatro cursos internacionais;
  • Realizar formações nacionais em pelo menos 15 países da Europa, Norte de África e Cáucaso, abrangendo mais de 1.000 profissionais;
  • Criar grupos de trabalho formais entre autoridades ambientais e de aplicação da lei;
  • Promover a colaboração transfronteiriça e a partilha de informação através de plataformas como a Europol e a CMS/MIKT.

 

Os países-alvo incluem Eslovénia, Montenegro, Roménia, norte de Chipre, Portugal, Egito, Marrocos, Tunísia, Geórgia, Turquia, França, Bulgária, Grécia, Sérvia e Espanha.

 

Cada participante, seja formado pela Academia ou através dos cursos nacionais, estará mais preparado para agir, colaborar e proteger a biodiversidade contra uma das ameaças mais urgentes da atualidade.

 

Exame prático ©Iñigo Fajardo

 

 

Agradecimentos

Esta iniciativa é possível graças à colaboração da Vulture Conservation Foundation, Junta de Andaluzia e Programa LIFE da UE, com o apoio estratégico de: MITECO, Guardia Civil, Europol, CMS/MIKT, BirdLife International, Universidade Internacional da Andaluzia,  e os governos dos países participantes.

 

 

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